Campanha eleitoral não vai ser nas praias

Os maiores partidos estão a antecipar os programas eleitorais e a fundamentar as suas promessas

No início de Maio, o Presidente da República deu a entender que deverá marcar as legislativas para Outubro, caso contrário, dizia Cavaco, "a campanha eleitoral ainda decorre nas praias". Receios que podem ser infundados. Este ano estamos a assistir a um grande avanço na nossa política. Há dois fenómenos novos que vão contribuir para um voto mais informado. Por um lado, há uma antecipação de calendários na apresentação dos programas eleitorais, e, por outro, os dois maiores partidos estão a apresentar promessas concretas e quantificáveis.

Em 2009, o último ano de eleições não antecipadas, escolheu-se o 27 de Setembro para a ida aos votos. Alguns partidos deixaram para o final de Agosto para apresentar as suas propostas, coisa que não vai acontecer este ano. O PS apresentou em Maio o seu projecto de programa eleitoral, que deverá agora ser aprovado na Convenção Nacional no final desta semana. E a coligação PSD/CDS também antecipou para esta quarta-feira as linhas gerais do seu programa, cuja versão definitiva será desvendada no final de Junho. São três a quatro meses de discussão que serão úteis para esclarecer o eleitorado. E esta antecipação não é um exclusivo dos partidos do chamado arco da governação.

Também tem existido um cuidado de apresentar propostas fundamentadas e quantificadas. António Costa pediu a 12 economistas que esboçassem propostas para o programa eleitoral e já assumiu que 95% das medidas sugeridas vão estar presentes no seu programa de governo. O mesmo fez o PSD, que está a ter a ajuda de 20 economistas que estão a elaborar propostas para o programa da maioria, sendo que Passos Coelho já assumiu, a bem da coerência, que o Programa de Estabilidade enviado a Bruxelas também servirá de inspiração. Dizer com clareza ao que se vem, e a tempo e horas, é um grande contributo para um voto informado.

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