Cenário macroeconómico vai permitir criar Governo “credível”

António Costa defende que “Portugal e Espanha devem ter agenda comum na Europa”.

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Amtónio Costa Daniel Rocha

Diante de uma plateia de empresários da Câmara do Comércio Luso-Espanhola, o secretário-geral do PS, António Costa, não perdeu a oportunidade de defender que o cenário macroeconómico traçado pelo PS servirá de base para criar um programa de Governo que se destacará pela “credibilidade das propostas” e por ser uma “alternativa” à austeridade.

Num almoço que decorreu nesta quinta-feira em Lisboa, o líder socialista lembrou que o documento continua em discussão pública e voltou a garantir que o PS está disponível para ouvir agentes sociais e económicos, entre outros possíveis contributos.

Até porque o objectivo é que o documento sirva para criar “um programa de Governo credível”, contribuindo não só para o esclarecimento e confiança do eleitorado, mas também para que, quem o vá executar, acredite nele: “Para que quem assuma os compromissos possa confiar na possibilidade de os executar e, ao mesmo tempo, vencer este desafio difícil de virar a página da austeridade, sem romper com o quadro da moeda única em que estamos e queremos continuar inseridos”, disse.

Para Costa, aliás, o “maior desafio que se coloca” hoje às democracias é precisamente “a relação de confiança que se estabelece entre governantes e cidadãos”: “A confiança passa pela credibilidade das propostas políticas que se apresentam. Ao fim de anos governados por modelos económicos, todos sentimos que é necessário afirmar o primado da política, mas o primado da política não se afirma se as políticas não forem sustentáveis e se não passarem no crivo da exequibilidade”, afirmou.

Num discurso de meia-hora, o líder socialista teve oportunidade de explicar várias das medidas do documento que, embora não sendo “um programa de Governo”, é “estruturante” da “alternativa” que o PS pretende construir para o país. É a “base e o enquadramento” do programa eleitoral que será conhecido a 6 de Junho.

António Costa garantiu aos empresários que o conjunto de propostas inscritas no documento demonstram que “é possível um caminho diferente” com, entre outros resultados, “maior crescimento” e “menor nível de desemprego”.

Entre outras questões, Costa abordou o desemprego jovem, defendendo que não se pode continuar a ter em Portugal “estágios profissionais sucessivos” e que é preciso “emprego estável”. Insistiu na “alteração do mercado de trabalho” e disse mesmo que “90% dos empregos criados nos últimos anos o foram no regime de contrato a prazo”, que “só 11% se convertem em contratos definitivos” e que há “cerca de um milhão e 100 mil pessoas que anualmente” trabalham “em situação de precariedade permanente” e não o fazem “sempre” nos 12 meses do ano.

Uma realidade, frisou, que é “destrutiva” para as famílias, consumidores e “penalizadora da produtividade das empresas”. “Temos de fazer um esforço conjunto para termos uma realidade laboral mais estável”, apelou, lembrando que os socialistas propõem “a restrição do recurso aos contratos a prazo”.

Uma agenda comum com Espanha
Antes de introduzir a questão do cenário macroeconómico, Costa abordou outro assunto - as relações entre Portugal e Espanha -, considerando que “ainda” há “muito para fazer no estreitamento das relações” entre os dois países e “no espaço da União Europeia”.

“Portugal e Espanha devem ter agenda comum na Europa”, disse, acrescentando que o “grande desafio” dos dois países é “deixarem de se ver como dois estados numa Península Ibérica” para serem antes “um espaço ibérico comum numa União Europeia que é comum a todos”.

Entre outros exemplos, defendeu que é necessário olhar para “as zonas de fronteira do interior” de Portugal de outra forma, uma vez que estão mais próximas do mercado ibérico do que Lisboa. 

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