Bancadas prudentes sobre inquérito ao caso BES

BE e PCP não excluem cenário, mas aguardam pelas audições à ministra das Finanças e ao governador do Banco de Portugal.

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O governador do BdP, Carlos Costa, está a caminho da recondução Jorge Miguel Gonçalves/NFactos

Nem nas bancadas da maioria nem da oposição se admite, para já, a criação de uma comissão de inquérito em torno do Grupo Espírito Santo ou do Banco Espírito Santo (BES). Mas os pontos de interrogação acumulam-se em torno do acompanhamento do caso por parte do Governo, e da fiscalização por parte do regulador financeiro e do supervisor bancário.

A bancada do PCP pediu, formalmente, os resultados dos testes de stress realizados pelo Banco de Portugal ao BES em 2011 e 2012, bem como informação sobre a intervenção da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) “na violação de regras de mercado por parte do GES e do BES desde 2008”, a propósito das contas daquelas empresas, que agora se sabe não baterem certo.

Questionado sobre se o PCP pondera avançar com uma comissão de inquérito, João Oliveira, líder da bancada, afirma que “não há nada em perspectiva”, mas diz aguardar pelos “desenvolvimentos”.

Os deputados vão ouvir esta quinta-feira as explicações da ministra das Finanças e na sexta-feira o governador do Banco de Portugal sobre o assunto. Na próxima semana, será a vez dos responsáveis da CMVM.

Pedro Filipe Soares, líder da bancada bloquista, admite que espera pelas audições para ter mais informação, mas não exclui a hipótese de comissão de inquérito. “Do lado do Banco de Portugal e da CMVM, é preciso perceber o comportamento das entidades reguladoras”, diz Pedro Filipe Soares, deixando uma interrogação: “Como é que foi possível esta exposição tamanha do BES ao GES sem que houvesse nenhuma acção concreta?”.

Na maioria parlamentar, os deputados nem querem ouvir falar numa eventual comissão parlamentar de inquérito. E sustentam a posição, agarrando-se à mensagem das autoridades e do primeiro-ministro de que o BES está sólido e que não precisará de intervenção do Estado.

O PS não fez qualquer diligência parlamentar sobre o caso (as audições foram requeridas pelo PCP e pelo BE), mas António José Seguro pediu uma audiência ao governador do Banco de Portugal sobre o assunto. No final do encontro, o líder do PS declarou ter saído com menos preocupações e sublinhou a separação que existe entre o banco BES e o Grupo Espírito Santo.

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