Costa não desiste de se candidatar à liderança

A Comissão Nacional voltará a reunir-se daqui a 15 dias para decidir se convoca eleições directas para a liderança e um Congresso extraordinário.

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António Costa Enric Vives-Rubio

De manhã, o pedido tinha sido chumbado, por não fazer parte da ordem de trabalhos. Esta reunião fora marcada para analisar os resultados das eleições e, por isso, a proposta de António Costa, de discutir a convocação de um Congresso, foi rejeitada. De seguida, António José Seguro propôs um novo método: em vez de eleger um novo secretário-geral, o partido podia escolher um candidato a primeiro-ministro, através de eleições primárias.

Do lado de António Costa, depois de alguma "surpresa", a estratégia passa por aceitar a ideia de Seguro. Continuando a insistir na necessidade de um Congresso. E um processo célere. Carlos César, comentando a proposta de Seguro, terá dito que o PS não pode ter "um secretário-geral fraco e um candidato a primeiro-ministro que não tem a confiança do partido". 

Por isso, durante a hora do almoço, os apoiantes de Costa recolheram as assinaturas necessárias para obrigar Maria de Belém, a Presidente do partido, a convocar uma nova reunião da Comissão Nacional. Dentro de 15 dias. Aí, a ordem de trabalhos terá por ponto único a marcação do Congresso.

Certo é que António Costa mantém a sua candidatura à liderança do PS, independentemente de o processo de escolha ser por congresso extraordinário ou por eleições primárias abertas a simpatizantes. "Independentemente de haver eleições primárias ou congresso extraordinário, mantenho a minha disponibilidade para liderar o PS", disse, embora também tenha acentuado a ideia de que recusa uma liderança bicéfala.

Ou seja, António Costa não aceita que as eleições primárias sejam só para a escolha do candidato socialista a primeiro-ministro, abrindo a possibilidade de haver um outro dirigente no cargo de secretário-geral do partido.

"Haja congresso ou eleições primárias a minha disponibilidade mantém-se. Apesar de haver alguns que gostam de discutir a questão estatutária, a questão da formulação, prefiro discutir os assuntos políticos do país - e é nisso que me vou centrar", declarou o autarca de Lisboa.

De acordo com António Costa, se o PS entender que os estatutos permitem a realização de eleições primárias abertas a militantes, "então excelente".

"No passado sempre defendi isso e lamento que há dois anos uma proposta no mesmo sentido tenha sido chumbada" em congresso, referiu, numa alusão à proposta então apresentada pelo ex-secretário de Estado João Tiago Silveira.

Em relação à proposta apresentada por António José Seguro, no sentido de que se realizem primárias para o candidato a primeiro-ministro, António Costa considerou que, neste momento, "há uma grande nebulosa" no que respeita ao conteúdo e que tal não exclui a necessidade de haver um congresso extraordinário.

"A pior coisa que pode haver para o PS é uma solução pouco clara. Seria sempre pouco claro haver uma solução para se escolher um candidato a primeiro-ministro, havendo um outro secretário-geral. A nossa tradição é que o candidato a secretário-geral do PS seja também o candidato a primeiro-ministro", salientou o presidente da Câmara de Lisboa.

 

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