A crise não abranda as vendas de bacalhau

Riberalves aumentou exportações na ordem dos 500% nos últimos cinco anos. O mercado nacional cresceu 4% nos primeiros seis meses do ano.

As espinhas do bacalhau podem ser transformadas em pó de hidroxiapatite Rui Soares

Não há crise que abane um dos hábitos gastronómicos mais característicos dos portugueses. As vendas de bacalhau cresceram 4% no primeiro semestre e, no caso da Riberalves, que tem na Moita a maior fábrica do mundo de produção de bacalhau seco e bacalhau demolhado e ultracongelado, o aumento do negócio foi ainda maior: 9%, de acordo com Ricardo Alves, administrador da empresa portuguesa, fundada há 28 anos.

As perspectivas para o Natal são, por isso, animadoras. “O bacalhau está com um preço bastante competitivo e as expectativas são as melhores. É uma tradição que os portugueses não vão perder”, diz ao PÚBLICO, acrescentando que em cada 100 casas, 85 consumiram bacalhau no último ano. “Se compararmos, por exemplo com a Coca-Cola, que está presente em 55% dos lares, a penetração é maior”, afirma. O segundo semestre representa, em média, cerca de 60% das vendas totais.

A queda no consumo privado, notada em quase todos os produtos alimentares, parece ser uma excepção no caso do bacalhau. Ricardo Alves diz que os portugueses estão a comer mais este peixe, importado da Noruega, Islândia, Canadá ou Estados Unidos (a Riberalves compra 50% do bacalhau que é vendido pela Islândia a Portugal). “Estamos a ganhar clientela e consumidores. Cada português consome, em média, sete quilos de produto acabado”, resume.

Para captar mais consumidores, a empresa vai investir numa campanha em parceria com o chef José Avillez e promover o seu bacalhau demolhado. Os valores do investimento não foram divulgados, mas esta é a primeira vez que a Riberalves planeia uma campanha a três anos e se associa a uma figura pública. “O bacalhau congelado e demolhado não era associado a nenhuma marca até há 10 ou 13 anos. Mas veio abrir novos mercados”, sublinha.

Nos últimos cinco anos, as vendas para o estrangeiro aumentaram uns expressivos 500% e já valem 45% das vendas (em 2011 o peso das exportações era de 35%), o equivalente a cerca de 60 milhões de euros. “O Brasil é o mercado número um a seguir a Portugal”, adianta Ricardo Alves.

Em 2012, a empresa vendeu 29.500 toneladas de produto e obteve um volume de negócios de 136,8 milhões de euros, uma subida de 7,4% em relação a 2011. No total, emprega 400 trabalhadores em Portugal e 50 espalhados pelo mundo em estruturas comerciais.

Além da produção de bacalhau, o Grupo Riberalves detém a Novo Dia Cafés e a Riberalves imobiliária. O projecto mais recente é o da Adega Mãe, em Ventosa, Torres Vedras. A empresa foi fundada e é liderada por João Alves, que aos 26 comprou ao sogro a Garrafeira do Oeste. Já antes comercializava bacalhau na mercearia do pai em São Pedro da Cadeira e foi neste produto que se especializou.
 

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