Portas fala em "esforço para recuperar sentido de compromisso" com PSD

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Portas diz não admitir alterações ao programa do Governo sem renegociar Foto: Francisco Leong/AFP

O ministro dos Negócios Estrangeiros afirma hoje, em declarações ao Expresso, que "vai ser preciso um esforço para recuperar o sentido de compromisso" entre o PSD e o CDS-PP. O PÚBLICO avançou na quinta-feira que o clima de tensão entre os parceiros de Governo adensou-se com a proposta de concessão da RTP.

Em declarações publicadas na edição deste sábado do semanário Expresso, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros mostrou-se desagradado com a forma como Miguel Relvas definiu o futuro da RTP, insistindo que é contra a concessão de todo o serviço público de televisão a privados.

O também líder dos populares garantiu que o seu partido não vai aceitar alterações ao que está no programa do Governo de coligação PSD/CDS-PP sem uma renegociação. "Vai ser preciso um esforço para recuperar o sentido de compromisso que PSD e CDS demonstraram quando negociaram o programa do Governo. Estamos cá para isso", acrescentou.

Na quinta-feira, o PÚBLICO adiantou que o ambiente na coligação governamental tem vindo a agravar-se nos últimos meses, depois da derrapagem da execução orçamental e da decisão do Tribunal Constitucional sobre a taxação de impostos específica para os funcionários públicos, mas sobretudo após a proposta de concessão da RTP.

As declarações de Paulo Portas surgem apenas um dia depois de o conselho de administração da rádio e televisão públicas ter apresentado a sua demissão, que foi aceite por Miguel Relvas.

O pedido de demissão surgiu depois de o consultor do Governo para as privatizações, António Borges, ter anunciado que uma das propostas em cima da mesa era a concessão da RTP 1 a privados e o encerramento da RTP 2. Esta semana, a administração liderada por Guilherme Costa – que fora reconduzido no cargo pelo ministro da tutela, Miguel Relvas – manifestou-se contra a concessão.

As declarações de António Borges levaram Guilherme Costa a dizer publicamente que, "em tempo oportuno", manifestou junto do Governo a sua discordância perante o cenário de uma concessão da empresa a um privado. "O conselho de administração da RTP considera descabido do ponto de vista institucional a divulgação pública de opiniões favoráveis a um dos cenários ainda em análise, sentindo-se por isso obrigado a divulgar publicamente que manifestou, em tempo oportuno, a sua discordância relativamente a este cenário", lê-se no comunicado divulgado no início da semana. A administração afirmava ainda que não reconhecia "os argumentos económicos de poupança para o Estado, apresentados publicamente, em favor deste cenário".

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