Carlos Zorrinho critica "disfuncionalidade" da coligação PSD/CDS-PP

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“É caso para dizer, por favor organizem-se, definam um rumo”, considerou Zorrinho Enric Vives-Rubio

O líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, disse hoje que existe "uma completa disfuncionalidade na acção" do Governo de coligação PSD/CDS-PP e considerou "muito significativo" o que foi dito por Paulo Portas, que "quase pediu um reset".

Carlos Zorrinho reagiu, em Évora, às declarações do líder do CDS-PP, Paulo Portas, ao semanário Expresso. O ministro dos Negócios Estrangeiros afirma que "vai ser preciso um esforço para recuperar o sentido de compromisso" entre o PSD e o CDS-PP. O PÚBLICO avançou na quinta-feira que o clima de tensão entre os parceiros de Governo adensou-se com a proposta de concessão da RTP.

Portas é contra a concessão de todo o serviço público de televisão a privados e não gostou "que [Miguel] Relvas definisse o futuro da RTP". Disse mesmo que "vai ser preciso fazer um esforço para recuperar o sentido de compromisso que o PSD e o CDS-PP demonstraram quando negociaram o programa do Governo".

Carlos Zorrinho considera que "é muito significativo" o que Paulo Portas afirmou. "Ele quase que pediu um reset, ou seja, um recomeçar de novo. Se o próprio Governo – isso nós já tínhamos notado – não sabe para onde vai, como é que os portugueses podem compreender o que é que o Governo quer?", criticou.

Sobre este assunto, o líder parlamentar do PS deixou mesmo um apelo, em tom irónico, à coligação PSD/CDS-PP: "É caso para dizer, por favor organizem-se, definam um rumo".

"A democracia, depois, é cada um de nós avaliar se o rumo é correcto ou incorrecto, mas, neste momento, o que existe é uma completa disfuncionalidade na acção do Governo", frisou.

A "trapalhada" da RTP

Para o líder parlamentar do PS, o Governo tem ultrapassado "todas as barreiras" devido à "obsessão" pela privatização da RTP, o que levou este sábado o Presidente da República a prestar declarações sobre o assunto. "Só faltava mesmo o Presidente da República pronunciar-se sobre esta trapalhada que tem sido o processo de eventual privatização ou concessão da RTP", afirmou Zorrinho, que interpretou as palavras do Presidente como "um apelo ao bom senso e a que sejam respeitados os processos institucionais no tratamento deste caso".

Em Vilamoura, no Algarve, Cavaco Silva negou que haja uma proposta oficial sobre o futuro da RTP, dizendo que, se houvesse, teria sido informado, escusando-se a comentar "declarações de consultores do Governo".

O chefe de Estado apelou ainda a "muita ponderação e bom senso" na análise do futuro da RTP – um tema "muito sensível" – e mostrou-se confiante em que o Governo explicará aos portugueses qualquer alteração que seja feita ao modelo actual de televisão pública.

Carlos Zorrinho considerou que esta declaração do Presidente da República "é uma forma indirecta de apelar ao Governo, como o PS tem apelado, para que tenha bom senso e cumpra aquilo que são os procedimentos institucionais adequados em todas as decisões".

O líder parlamentar socialista garantiu ainda que o seu partido tem "a expectativa" de que o Presidente da República "não viabilizará aquela que é a pretensão do Governo em relação ao serviço público de televisão em Portugal".

Correia de Campos diz que caso RTP "belisca" coligação

Também o socialista Correia de Campos considerou que o assunto RTP "está a beliscar a coligação" governamental, realçando que, "embora um edifício não caia por uma fenda, se tiver várias e vier um pequeno sismo, ele cai".

Em declarações aos jornalistas à margem da Universidade de Verão do PS, em Évora, o antigo ministro da Saúde (de 2001 a 2002 e de 2005 a 2008) disse que Portugal, neste momento, não precisa "de fendas", nem de "fracturas ou sismos".

"Há um Governo com maioria absoluta, através de uma coligação" e Portugal, perante Bruxelas e os aliados externos, precisa de "mostrar" que é "realmente um país governável", disse. "E o que, infelizmente, as forças ligadas à coligação estão a dar sinal é de que parece que não somos um país governável."

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