TGV até Madrid em 2013 é apenas "referência temporal"

Primeiro foi o Porto-Vigo adiado por dois anos, depois o Lisboa-Porto por atrasos no projecto (mas justificado pela redução da dívida pública imposta pelo PEC) e agora poderá ser a vez da meta de 2013 para a linha Lisboa-Madrid também poder vir a ficar ameaçada.

Pelo menos foi essa a ideia que transpareceu ontem, em Madrid, da conferência de imprensa do ministro das Obras Públicas e Transportes, António Mendonça, e do seu homólogo espanhol do Ministério de Fomento, José Blanco. Este último, apesar de já ter alguns troços em construção entre Madrid e a fronteira portuguesa e de ter lançado recentemente mais obras no valor de 113 milhões de euros, recusa-se a falar de datas para a conclusão da linha e António Mendonça limita-se a dizer: "Continuamos a trabalhar com as referências temporais que existem".

Os dois governantes, que estiveram juntos em Novembro, em Lisboa, e combinaram encontros regulares nos dois países "para dar um impulso à alta velocidade e às relações bilaterais", nas palavras de José Blanco, anunciaram que tinham chegado a um acordo para a construção da estação fronteiriça entre Elvas e Badajoz. Esse acordo precisa que a plataforma logística (estação de mercadorias) ficará no lado português e a estação de passageiros do lado espanhol. O nome ainda não está decidido.

O complexo formado pelas duas estações e respectivos acessos deverá custar entre 150 e 200 milhões de euros, mais barato do que o projecto que chegou a estar pensado. Será levado a cabo através de uma sociedade formada pela Refer e pela sua congénere espanhola Adif.

Sobre a linha Porto-Vigo, José Blanco explicou detalhadamente as razões do atraso de dois anos do lado espanhol devido à contestação dos municípios pelo traçado proposto entre Vigo e Porriño. Mais uma vez não se comprometeu com datas, mas António Mendonça deixou o compromisso de que em 2013 já haveria obras.

Respondendo a uma pergunta sobre o facto de as empresas portuguesas não conseguirem entrar no mercado das obras públicas espanhol, José Blanco disse: "Em Espanha, os concursos públicos são concursos públicos abertos e transparentes. Aqui não se faz de outra forma".

O PÚBLICO viajou a convite do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações
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