EUA temem que o tempo se esteja a esgotar para travar Kim Jong-un

New York Times escreve que as secretas americanas acreditam que, se nada for feito, a Coreia do Norte poderá ter 50 bombas nucleares até ao final do mandato de Trump.

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Na última grande parada militar, a Coreia do Norte apresentou o que diz serem mísseis de longo alcance How Hwee Young/EPA

Porque tem Donald Trump tanta pressa em “resolver o problema” da Coreia do Norte, combinando pressão militar, diplomática e retórica para fazer frente a Kim Jong-un? O Presidente norte-americano, escreve nesta terça-feira o New York Times, teme que até ao final do seu mandato Pyongyang seja capaz de colocar uma ogiva nuclear suficientemente pequena num míssil de longo alcance com capacidade testada de atingir os Estados Unidos.

Há anos que os responsáveis norte-americanos admitem que o regime norte-coreano conseguiu avanços surpreendentes – tanto em velocidade, como em dimensão – nos seus programas nucleares e balísticos. Mas durante muito tempo Washington acreditava que o regime dos Kim estava ainda longe de se aproximar do limiar que poderia justificar um confronto armado – um conflito com potencial para provocar dezenas de milhares de mortos na península coreana só nos primeiros dias, notava esta terça-feira a BBC.

Mas de avanço em avanço, o regime de Kim Jong-un tem vindo a aproximar-se da fasquia que o líder norte-coreano acredita lhe garantirá a segurança. A grande questão é saber quão perto estará. Segundo o NY Times, que cita relatórios dos serviços de informações e de peritos em proliferação nuclear, a actual Administração admite que Pyongyang consegue já produzir uma bomba nuclear a cada seis ou sete semanas, um ritmo que lhe garantiria um arsenal de 50 armas até ao final do mandato de Trump, em 2020. E depois do plutónio e do urânio enriquecido, usado nas cinco bombas testadas em 2006, o país ambiciona também uma bomba de hidrogénio, com um potencial destrutivo imensamente maior.

O jornal escreve que os responsáveis americanos estão também convencidos de que os cientistas norte-coreanos sabem já como produzir uma ogiva nuclear suficientemente pequena para ser transportada por mísseis de curto e médio alcance – o que, a ser verdade, colocaria em risco a Coreia do Sul, Japão e os milhares de militares americanos estacionados nos dois países. O NYT dá conta de uma fotografia que surgiu recentemente na imprensa oficial em que Kim aparece a segurar uma esfera metálica coberta de pequenos círculos e que seria supostamente uma ogiva nuclear miniaturizada. Diz, no entanto, que as secretas americanas não sabem se se trata de uma arma real ou apenas mais uma encenação de propaganda.

“Eles aprenderam muito”, admitiu ao jornal Siegfred S. Hecker, antigo director do laboratório militar de Los Alamos, berço da bomba atómica, que visitou sete vezes as instalações nucleares de Pyongyang antes de o regime ter fechado a porta aos inspectores internacionais, em 2009. No entanto, Hecker sublinha que para conseguir ameaçar o território norte-americano, a Coreia do Norte teria de desenvolver “uma ogiva mais pequena, mais leve e capaz de ultrapassar as dificuldades adicionais de stress e temperatura” – os mísseis de longo alcance efectuam voos suborbitais e a reentrada na atmosfera é um momento crítico.

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A maioria das previsões indica que o país estará “a quatro ou cinco anos” de produzir uma ogiva deste género, ao mesmo tempo que tenta desenvolver o míssil intercontinental para a transportar. Apesar de projécteis deste tipo terem sido apresentados na última grande parada militar, a 15 de Abril, nenhum foi ainda testado e a maioria dos disparos com o míssil de médio alcance Musudan não teve o sucesso pretendido.

Ainda assim, o jornal afirma que muitos responsáveis acreditam que, se nada for feito para travar o actual ritmo, Pyongyang terá conseguido resolver estes dois problemas “por volta de 2020 – enquanto Trump ainda está no seu primeiro mandato”. “As pessoas taparam os olhos durante décadas, agora é tempo de resolver o problema”, afirmou Trump na segunda-feira num encontro com os embaixadores dos países representados no Conselho de Segurança, embora continue a ser pouco claro até que ponto está o Presidente americano disposto a ir mais longe do que os seus antecessores. 

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