Aeroporto de Bruxelas reabre 12 dias após atentados

Três voos realizam-se neste domingo, num gesto simbólico. Primeira viagem terá como destino Portugal.

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Aeroporto Bruxelas-Zaventem Yves Herman/Reuters
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O director-geral Arnaud Feist deu uma conferência de imprensa no sábado sobre a reabertura do aeroporto Nicolas Maeterlinck/AFP
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Polícia belga no bairro de Molenbeek no sábado Yves Herman /Reuters
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Pessoas rezam numa mesquita em Bruxelas por uma das vítimas dos atentados Laurie Dieffembacq/AFP
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Os líderes religiosos das comunidades muçulmanas e judaicas homenageam as vítimas dos atentados Laurie Dieffembacq/AFP

A Bélgica vai tentar neste domingo virar a página após os atentados, abrindo o seu aeroporto para três voos “simbólicos”, sob vigilância apertada. Mas vão ser necessários vários meses para que as instalações fiquem totalmente operacionais.

O local das partidas do aeroporto Bruxelas-Zaventem ficou devastado pelo duplo atentado-suicida de 22 de Março. Uma hora depois, um bombista-suicida fez-se explodir no metro de Bruxelas. Os atentados, cerca de quatro meses após os de Paris – ambos levados a cabo por militantes da organização jihadista do Estado Islâmico –, fizeram 32 mortos e 340 feridos.  

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Memorial na praça de Bourse, em Bruxelas, pelas vítimas dos atentados Laurie Dieffembacq/AFP

A primeira partida, um voo da Brussels Airlines com destino a Faro, em Portugal, está prevista para as 12h40 (hora de Portugal continental). De seguida, haverá um voo para Atenas, na Grécia, e outro para Turim, na Itália, “um sinal de esperança que demonstra a nossa vontade e a nossa força para ultrapassar esta prova e que não nos vergamos”, declarou Arnaud Feist, director-geral do aeroporto.

Este tímido retorno “simboliza uma volta à normalidade”, sublinha. O aeroporto é um pulmão da economia belga que gera 20.000 empregos em 260 empresas. A partir de segunda-feira, a oferta será gradualmente alargada para incluir outras companhias além da Brussels Airlines e destinos mais longínquos. As chegadas serão também reiniciadas.

O espaço das partidas, cujas janelas ficaram estilhaçadas, os pilares danificados e os falsos tectos destruídos depois da explosão, vai necessitar de um grande trabalho de restauro. Uma infra-estrutura temporária foi montada no exterior. Este equipamento permite gerir 800 passageiros por hora, o equivalente a seis voos, o que é apenas um quinto da capacidade normal do aeroporto.

Queda no turismo

O Aeroporto de Bruxelas prepara “um plano estratégico de renovação do salão de partidas”, assegurou Arnaud Feist. “O nosso objectivo é ter o máximo de capacidade disponível para as partidas de férias no final de Junho, início de Julho”, acrescentou. Segundo a comunicação social, o aeroporto vai conseguir atingir 40% da sua capacidade durante o Verão e só no fim do ano é que voltará ao seu regime normal.

As medidas de segurança suplementares foram decididas na última sexta-feira após uma reunião de urgência entre o Governo e os sindicatos da polícia, que ameaçavam uma greve se as suas exigências não fossem ouvidas.  

O local de entrega de bagagens está interdita. Apenas os passageiros com bilhete e documento de identificação é que poderão entrar, a pé, na zona temporária de registo. As suas bagagens terão de ser entregues antes de poderem fazer o registo. O aeroporto não será servido por transportes públicos, só podendo entrar veículos particulares e táxis.

O encerramento do aeroporto aos viajantes (o tráfego de mercadorias foi rapidamente restabelecido), conjugado com os cancelamentos de último minuto após os atentados, pesou no sector turístico. Por isso, a taxa de ocupação dos hotéis de Bruxelas desceu para metade nos últimos 12 dias. Para o Aeroporto de Bruxelas, o défice eleva-se a cinco milhões de euros por dia.  

Após os atentados, o metropolitano da capital belga rapidamente reabriu, embora muitas estações se mantenham fechadas e o serviço seja interrompido entre as 19h e as 7h da manhã seguinte. E a vida voltou ao normal, apesar da presença forte de polícias e militares nas ruas e a investigação activa aos suspeitos dos atentados que estão em fuga, incluindo “o homem do chapéu”, visto num vídeo de vigilância do aeroporto, que abandonou uma mala cheia de explosivos na área de partidas.

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O metro de Bruxelas reabriu logo após os atentados mas há um reforço de polícias e militares na capital belga Yves Herman/Reuters

Por outro lado, Salah Abdeslam, o único sobrevivente da célula jihadista responsável pelos ataques a Paris e Saint-Denis a 13 de Novembro de 2015, disse não ter tido qualquer envolvimento nos ataques de 22 de Março. Preso a 18 de Março em Bruxelas e enviado para a prisão de Bruges (Noroeste), espera agora a sua extradição para França.

No sábado, a situação ficou muito tensa em Molenbeek, um bairro de Bruxelas com predomínio de população muçulmana, onde alguns dos responsáveis dos ataques de Paris cresceram e viveram. Cerca de 400 pessoas juntaram-se para desafiar os militantes de extrema-direita, que tinham organizado uma manifestação ali, mas o ajuntamento foi proibido pelas autoridades. Cerca de cem jovens tentaram chegar ao coração da capital belga, na praça de Bourse, que foi transformada num memorial pelas pessoas após os ataques, mas a polícia afastou-os.

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A tensão aumentou no sábado no bairro Molenbeek, após militantes de extrema-direita anunciarem um protesto Nicolas Maeterlinck/AFP
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