Com Bruxelas paralisada, capitais europeias reforçam vigilância

Cerca de mil ligações aéreas foram canceladas e desviadas para outros destinos. Turismo não deverá ser afectado.

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O aeroproto atacado de Zaventem foi esvaziado Francois Lenoir/Reuters

Os ataques terroristas em Bruxelas fizeram encerrar parcialmente o espaço aéreo na Bélgica, suspenderam todos os voos de e para o aeroporto de Zaventem, interromperam transportes e serviços públicos e levaram todos os países europeus a reforçar a segurança. Pelos cálculos da AFP, companhias de aviação de todo o mundo tiveram de anular ou desviar cerca de mil ligações aéreas para aquele destino, usando em alternativa os aeroportos de Charleroi (Bélgica), Maastricht ou Amesterdão (na Holanda). Os aviões da Lufthansa, Ryanair ou British Airways de e para Bruxelas ficaram em terra.

Um porta-voz da TAP referiu ao PÚBLICO que a companhia aérea aceitou transportar sem custos adicionais passageiros de e para outros aeroportos da região, como Luxemburgo, Paris ou Amesterdão, “enquanto o aeroporto da capital belga se mantiver encerrado”. Os passageiros puderam alterar para datas posteriores (até no máximo 30 de Abril) os bilhetes que tinham para os voos cancelados nesta terça-feira (três com partida de Lisboa e um com partida do Porto). O aeroporto de Bruxelas atacado, Zaventem, continua encerrado nesta terça-feira.     

O reforço das medidas de segurança alargou-se rapidamente aos aeroportos, estações de comboio e metro de cidades como Londres, Paris, Genebra, Frankfurt, Copenhaga ou Praga. Em Barcelona, Espanha, a polícia regional catalã enviou reforços policiais a França para ajudar nas operações de segurança dos aeroportos de Roissy e Orly. França foi, depois da Bélgica, o país que mais rapidamente respondeu à situação de emergência, colocando no terreno mais de 1600 agentes policiais no país. 

Na sequência dos atentados, em Londres, o Aeroporto de Gatwick passou de imediato para o mais alto nível de alerta e Heathrow reforçou o número de polícias nos terminais. Já na Holanda, os aeroportos de Schipool, Amesterdão, Roterdão ou Eindhoven viram também a sua segurança reforçada. O mesmo sucedeu como os controlos fronteiriços. Na fronteira entre França, Bélgica e Holanda houve reforço de vigilância.

Na Bélgica quem quisesse deslocar-se noutros transportes também teve a vida dificultada durante toda a manhã. O impacto chegou aos autocarros e comboios, com estações e redes encerradas. Noutras capitais europeias os níveis de segurança foram elevados. “Toda a rede está fechada”, informou a operadora de transportes públicos STIB, de Bruxelas. A filial da francesa SNCF, a Ouibus, garantiu que as ligações entre França e Bruxelas seriam feitas, ainda que com “fortes e imponderáveis” atrasos. Na Eurolines as vendas de bilhetes foram suspensas até nova ordem.

A circulação dos comboios Thalys, que fazem as ligações Paris-Bruxelas-Amesterdão-Colónia, era interrompida assim que as carruagens se aproximavam do território belga, que permanece paralisado. Os comboios Eurostar, que ligam Bruxelas a Londres, também ficaram suspensos nos dois sentidos. Os que estavam em circulação foram travados à chegada a Lille, em França. O aeroporto de Bruxelas vai continuar encerrado nesta quarta-feira.

Ainda é cedo para antecipar qualquer impacto dos ataques terroristas desta terça-feira nas viagens e turismo, mas a Organização Mundial do Turismo acredita que não haverá cancelamentos em larga escala nesta Páscoa. “A experiência mostra que o impacto deste tipo de acontecimentos no turismo tende a ter um efeito de muito curto prazo e por isso não esperamos que o turismo mundial seja afectado significativamente. De facto, no ano passado as chegada de turistas nos aeroportos internacionais cresceu 4%, com mais 50 milhões de pessoas a viajar face a 2014, apesar dos muitos desafios e crises que o mundo enfrentou em 2015”, disse ao PÚBLICO um porta-voz da organização, referindo-se, nomeadamente, aos atentados de Paris de 13 de Novembro.

Nas bolsas europeias, as empresas de transportes e cadeias hoteleiras foram as mais penalizadas pelos acontecimentos, mas em termos gerais o impacto na cotação foi moderado. Às 15h apenas a Bolsa de Madrid registava uma queda acima dos 0,5%. Pouco antes do fecho da sessão, o belga BEL20 seguia a perder 0,81%.

 

 

 

 

 

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