Dados para a economia chinesa em destaque esta semana

Após um mês de Janeiro marcado por elevada volatilidade e instabilidade nos mercados financeiros a nível global, a primeira semana do mês de Fevereiro inicia-se com a divulgação de importantes dados relativos à economia chinesa. Serão, assim, conhecidos já esta segunda-feira os índices PMI referentes ao desempenho dos sectores da indústria e dos serviços no mês de Janeiro, e que constituem os últimos dados a serem divulgados antes do encerramento dos mercados financeiros na China, ao longo da próxima semana, para a celebração do Ano Novo chinês. Será particularmente relevante avaliar se aqueles índices sinalizarão, à entrada de 2016, um acentuar da trajectória de abrandamento que têm vindo a exibir, o que, a concretizar-se, poderia vir a contribuir para um recrudescimento dos receios em torno do desempenho da China e suas repercussões sobre o desempenho da economia global. Até ao final de 2015 a desaceleração da actividade tem ocorrido de forma suave, tendo as autoridades chinesas vindo a implementar, desde o final de 2014, diversas medidas tanto no plano orçamental como no plano monetário (descidas das taxas de juro e das reservas obrigatórias para a banca), visando evitar um abrandamento mais brusco. Nas últimas semanas, a intervenção das autoridades tem-se centrado na introdução de liquidez por parte do banco central, sendo possível a introdução de novas medidas de estímulo ao longo dos próximos meses.

Se é verdade, por um lado, que o desempenho dos mercados financeiros nas últimas semanas tem sido caracterizado por uma forte instabilidade, e por um agravamento dos receios de um abrandamento mais acentuado da China e da economia global, é também verdade que os indicadores de actividade mais recentemente divulgados para as economias americana e europeia se têm revelado relativamente favoráveis, tendo apenas os índices de sentimento sofrido uma deterioração moderada, em particular no plano empresarial. Para a economia norte-americana serão esta semana conhecidos abundantes indicadores, de que se destacam o rendimento e despesa das famílias em Dezembro e o índice ISM Manufacturing de Janeiro (segunda-feira), o ISM para o sector dos serviços (quarta), as encomendas dirigidas à indústria em Dezembro (quinta) e os dados relativos ao mercado de trabalho no primeiro mês do ano, na sexta-feira. Depois de uma forte criação de emprego em Dezembro, de quase 300 mil novos postos de trabalho criados em termos líquidos, é possível que se regresse a um registo em torno de 200 mil, semelhante ao dos meses anteriores, o que poderia mesmo fazer descer a taxa de desemprego para níveis inferiores ao patamar de 5% da população activa. A continuação da melhoria gradual das condições do mercado de trabalho constitui um ponto particularmente relevante para a definição da política monetária da Reserva Federal, que reiterou, na passada semana, a intenção de elevar de forma muito gradual os juros de referência para a economia norte-americana.  

Com uma política monetária marcadamente distinta deverão continuar, ao longo deste ano, o Banco Central Europeu e o Banco de Inglaterra, dada a persistência de níveis muito baixos de inflação. Apesar de a inflação homóloga na Zona Euro ter aumentado de 0,2% para 0,4% no mês de Janeiro, a evolução dos preços dos combustíveis deverá conduzir, nos próximos meses, a uma inversão deste movimento. Neste contexto, permanece em cima da mesa a possibilidade de o BCE vir a anunciar, na reunião de 10 de Março, novas medidas, para promover o regresso da inflação a níveis consistentes com a estabilidade de preços a médio prazo. Acompanhando a apresentação das novas previsões macroeconómicas da instituição, o BCE poderá vir anunciar uma nova redução da taxa de depósito dos bancos junto do banco central (actualmente em -0,30%), um novo aumento do montante de aquisição de activos e/ou uma recomposição do leque de activos a adquirir. Merece destaque, neste plano, a intervenção de Mario Draghi no Parlamento Europeu, na tarde desta segunda-feira. Para a economia alemã destaca-se, na sexta-feira, a divulgação das novas encomendas à indústria em Dezembro.

O Banco de Inglaterra deverá manter a respectiva política monetária inalterada na reunião de quinta-feira (permanecendo a taxa de juro base em 0,50%). As novas previsões da autoridade monetária britânica, devendo apontar para a manutenção de níveis baixos de inflação, poderão consolidar a expectativa de que um primeiro movimento de subida da taxa de juro de referência deverá ocorrer apenas em 2017. 

Novo Banco Research Económico

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