Costa defende criação de um veículo para resolver crédito malparado

Em entrevista ao DN/TSF, o primeiro-ministro disse que seria “útil ao país” libertar o sistema financeiro “de um mono”. E defendeu que, no caso Banif, a culpa “não pode morrer solteira”.

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Costa diz que no caso Banif "a culpa não pode morrer solteira" Nuno Ferreira Santos

António Costa defende que é “útil ao país” a criação de um “veículo de resolução do crédito malparado”. Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, o primeiro-ministro afirmou que é preciso “trabalhar com as instituições regulatórias e financeiras no quadro da unidade de missão - e também como resulta do programa nacional de reformas – na resolução dos chamados non performing loans, isto é, traduzindo de forma mais simplista o crédito malparado”.

Costa acrescentou em seguida que “era útil ao país encontrar um veículo de resolução do crédito malparado, de forma a libertar o sistema financeiro de um mono que dificulta uma participação mais activa nas necessidades de financiamento das empresas portuguesas”.

Questionado sobre a comissão parlamentar de inquérito ao Banif e o papel de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal no caso, o primeiro-ministro defendeu que todas as explicações devem ser “cabalmente apuradas”. Por ventura, disse, a culpa não é especificamente de ninguém, mas sim “um concurso de várias responsabilidades”.

“Agora, que a culpa não pode morrer solteira, não, não pode morrer solteira, porque são uns largos milhares de milhões de euros que os contribuintes tiveram de suportar e que exigem resposta”, defendeu.

Quanto a Carlos Costa, o primeiro-ministro sublinhou que as relações entre o Governo e o Banco de Portugal têm sido institucionais correctas”.

Sobre o aumento de capital na CGD, que hoje celebra 140 anos, Costa defendeu que as instituições financeiras públicas "não podem, por um lado, ser aliviadas de cumprirem os mesmos rácios de capital que os privados, porque isso seria distorcer a concorrência", e por outro ser as únicas impedidas de serem capitalizadas. "Aí seria uma distorção", defendeu.

"O entendimento do Governo português é que o Estado deve proceder à capitalização da Caixa nos exactos termos que qualquer privado capitalizaria os seus próprios bancos, para cumprir os mesmos rácios", disse. António Costa sublinhou ainda que esta capitalização seria "exclusivamente" de dinheiros públicos, "nos termos e no montante que vier a ser determinado face ao apuramento das contas de 2015 e às avaliações feitas pelo sistema de supervisão". 

Questionado sobre a nomeação do novo presidente da CGD, o primeiro-ministro adiantou que Mário Centeno, ministro das Finanças já está em contactos para, assim que as contas estiverem aprovadas, substituir a administração da Caixa. E garantiu que a escolha será "independente das cores partidárias dos administradores".

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