Esquerda saúda acordo entre Governo e professores com críticas. PS em silêncio

Ministro da Educação chegou a acordo com sete sindicatos dos professores para avançar com descongelamento até 2027

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Manifestação de professores Nuno Ferreira Santos
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A Iniciativa Liberal (IL), o PCP e o PAN saúdam o acordo alcançado entre Governo e professores para o descongelamento da carreira dos professores, enquanto o PS remeteu-se ao silêncio.

Paula Santos, líder do grupo parlamentar do PCP, considerou, em declarações ao PÚBLICO, que esta é “uma questão que já podia estar resolvida”, se “PSD e CDS não tivessem traído os professores quando, da noite para o dia, alteraram a sua intenção de voto” numa proposta que visava a recuperação integral do tempo de serviço, em 2019.

A deputada comunista reconheceu que este é um “avanço na luta dos professores”, mas lembrou que há “25 mil professores que ficam excluídos”. Paula Santos destacou a “luta constante e dinâmica” da Fenprof, sublinhou que o PCP foi “sempre solidário” com a causa dos docentes e defendeu que o “Governo foi obrigado a tomar uma decisão, face à luta dos professores”.

Também o PAN considerou que este é um “primeiro passo importante, mas que não pode esquecer os professores que estão no topo da carreira e os aposentados, actualmente fora das contas”, declarou fonte do partido ao PÚBLICO.

O partido acredita ainda que o estudo da UTAO, que deverá ser conhecido em breve, pode permitir “uma visão mais concreta sobre a operacionalização deste descongelamento e quanto é que esta medida vai custar”. “O Governo anunciou que ia descongelar metade até o ano que vem e o restante até 2027, mas ficamos sem perceber a lógica utilizada para efectuar esta escolha”, sustentou a mesma fonte.

Pelo BE, a deputada Joana Mortágua reagiu esta quarta-feira dizendo que “o Governo do PSD cumpriu a sua obrigação e nada mais que a sua obrigação” com o calendário da recuperação do tempo de serviço.

“A proposta do Governo do PSD deixa de fora todos os que entretanto se aposentaram e que verão para sempre no valor da sua reforma a marca dos anos de serviço que trabalharam e que não lhes foram contados. Mas não deixa de ser uma vitória para os professores”, reconheceu a deputada do Bloco, aproveitando para criticar o PS que, apesar de ter tido maioria absoluta, não avançou com o descongelamento.

O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, por seu lado, considerou que “o país está a fazer um esforço no sentido de resolver um problema que se arrasta há quase uma década”. “Feita esta proposta, é tempo de dar um passo adiante e começar a falar dos problemas da escola pública, dos anseios das famílias, dos problemas das famílias porque disso tem-se falado pouco”, lamentou Rui Rocha, em declarações aos jornalistas na Madeira.

O presidente da Iniciativa Liberal defendeu que as famílias, “face a este esforço que o país vai ser chamado a fazer”, não devem “perpetuar uma situação de conflito nas escolas”, apelando à paz dentro do espaço escolar.

“Chegados a este ponto negocial, que as escolas encontrem paz e que não continue a ser utilizada esta matéria como foco de tensão nas escolas. As famílias, as aprendizagens e os alunos têm que estar primeiro e creio que estão reunidas as condições para que isso aconteça”, frisou, alertando para a possibilidade de, “se houver persistência de alguns sectores em trazer para a escola conflitos depois desta proposta”, isso ser “mal-entendido pelas famílias”.

O PS e o Livre não responderam ao pedido de reacção feito pelo PÚBLICO.

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