Oposição critica mudança no SNS sem avaliação

PS diz que Governo está a mudar protagonistas sem monitorizar as situações e insiste em que Fernando Araújo era o homem certo para liderar esta reforma.

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Líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, cita os casos da saúde e das migrações Daniel Rocha
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A líder parlamentar do PS considera “preocupante” que o Governo esteja a “interromper” e a “reverter implacavelmente reformas sem dar tempo para se avaliar” a sua aplicação, referindo-se à substituição de Fernando Araújo à frente da Direcção Executiva do SNS pelo tenente-coronel médico do Exército António Gandra d’Almeida, conhecida nesta quarta-feira.

Alexandra Leitão cita os casos da saúde e das migrações. “Mais do que as pessoas [que são substituídas], registamos que o Governo está a cortar sem avaliar, sem acompanhar, sem monitorizar e sem justificar”, afirmou aos jornalistas na Assembleia da República, defendendo, no entanto, a escolha do executivo de António Costa. “Estamos absolutamente convencidos de que Fernando Araújo era a pessoa certa para liderar essa reforma do SNS.”

Apesar de o PCP ser crítico da estratégia do PS para a saúde, a comunista Paula Santos afirma que “foram criadas as condições, pelo Governo, para uma demissão forçada” de Fernando Araújo porque “PSD e CDS pretendem ir mais longe na privatização do SNS do que o PS”. A líder parlamentar do PCP considera que a criação da direcção executiva foi um “escancarar de portas nos acordos com os privados”, para além do encerramento de urgências e da “conflitualidade de competências” entre a direcção executiva e o resto da estrutura da saúde.

Quem não quis comentar o perfil do novo director foi o deputado do Livre Rui Tavares, que defendeu, no entanto, ser preciso que as pessoas “tenham tempo e condições para desenvolver o seu trabalho – o que o anterior não teve. E devemos fazer uma avaliação política sobre isso”.

Críticas sobre a forma como o processo foi conduzido vieram do bloquista Fabian Figueiredo, que disse que Fernando Araújo soube pela comunicação social que lhe fora pedido um relatório, mas a ministra que o pedira acabou por faltar à reunião em que o receberia.

Para o líder da bancada do Bloco, o actual Governo “não tem ideias para o SNS; apenas ideias sobre como o desmantelar”.

A liberal Mariana Leitão admitiu desconhecer o novo director, mas defende que o importante é que haja “vontade e ambição” para fazer as reformas necessárias com o novo responsável, “que se utilize toda a capacidade instalada, contando com os três sectores, o público, social e privado”.

O centrista Paulo Núncio considera que “a saúde estava um caos” e que “ninguém vê o trabalho que o PS diz que estava a ser feito”, lembrando que dentro de dias o Governo vai apresentar o plano de emergência para o sector. O líder parlamentar do CDS-PP acrescenta que os serviços “estão degradados” e que “o legado do PS é muito pesado”, e desculpabiliza a ministra Ana Paula Martins: “O Governo pediu um ponto de situação [da reforma] e foi o director executivo que decidiu apresentar demissão; está no seu direito.”

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