Taxas mistas reduzem juros dos novos créditos à habitação para 3,68%

Nas renegociações de empréstimos, habitualmente por dificuldades das famílias em pagar prestações, taxas de juro ficaram em 4,2%. Prestação média mensal caiu pela primeira vez desde Dezembro de 2021.

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Novos empréstimos à habitação estão a ser feitos a taxas mistas Manuel Roberto
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A taxa de juro dos novos empréstimos à habitação (sem renegociações) diminuiu 0,04 pontos percentuais em Março, fixando-se em 3,68%, e o montante aumentou 168 milhões de euros face ao mês anterior, para 1307 milhões de euros, segundo dados do Banco de Portugal (BdP), publicados esta sexta-feira.

O montante dos novos empréstimos à habitação incluem os que resultaram de transferências, pelo que os dados do BdP não permitem perceber o que é mesmo novo crédito para a compra de casa, ou apenas mudança de banco.

Para a descida da taxa de juro dos novos empréstimos contribuiu a opção maioritária pelas taxas mistas ­– fixa no período inicial do contrato e variável (associada às Euribor) nos restantes períodos –, ­aplicadas em 74% do total dos contratos. Este tipo de operação não tem parado de crescer, como se percebe com a comparação com os 72% de Fevereiro e os 69,4% de Janeiro do corrente ano, e, sobretudo, com os 18,3% de Março do ano passado.

Em ligeira diminuição estão os empréstimos renegociados, habitualmente por dificuldades das famílias em pagar as prestações, que caíram 120 milhões de euros em relação a Fevereiro, totalizando, assim, 593 milhões de euros em Março de 2024. Grande parte das renegociações, no total de 549 milhões de euros, verificou-se nos empréstimos à habitação, a registar uma diminuição de 118 milhões de euros relativamente a Fevereiro.

A taxa de juro média destas operações renegociadas caiu 0,07 pontos percentuais, para 4,2%, e isto apesar de se verificar, também aqui, uma maior opção por taxas mistas.

Novidade nos números divulgados pelo supervisor bancário está na primeira queda na prestação média mensal do conjunto dos contratos desde Dezembro de 2021. Este valor situou-se em 423 euros, uma diminuição de três euros relativamente a Fevereiro.

Em queda também estão as amortizações antecipadas, que atingiram valores mais expressivos quando as taxas Euribor atingiram níveis máximos. O total de crédito amortizado em Março corresponde a 0,88% do stock de empréstimos, menos 0,03 pontos percentuais do que no mês anterior.

“Março foi o terceiro mês consecutivo em que se verificou uma diminuição das amortizações antecipadas”, revela o BdP, esclarecendo que das amortizações antecipadas em Março, 91% foram na totalidade. Contudo, neste montante estão os contratos finalizados por amortização da dívida do devedor, as consolidações de crédito em novo contrato e as transferências de crédito para outra instituição, o que dificulta uma “radiografia” mais pormenorizada destes dados.

Mais 680 milhões de crédito ao consumo

O total de crédito à habitação e ao consumo concedido aos particulares ascendeu a 1989 milhões de euros, um aumento de 178 milhões de euros face a Fevereiro. Para este bolo contribuiu o crédito ao consumo, que ascendeu a 462 milhões de euros (menos 12 milhões de euros) e o crédito para outros fins, no montante de 220 euros (mais 22 milhões de euros).

Nos últimos meses, o crédito para outros fins tem crescido de forma significativa, atingindo em Março o valor mais elevado desde Abril de 2022.

A taxa média de novas operações de crédito ao consumo foi de 9,54% (9,53% em Fevereiro), e nos empréstimos para outros fins aumentou 0,01 pontos percentuais, para 5,05%.

No crédito ao consumo, as renegociações das condições de pagamento de contratos anteriores ascenderam a 44 milhões de euros.

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