Juros dos novos depósitos caem pelo terceiro mês e mais do que na zona euro

Taxa média caiu para 2,78%, menos 0,03 pontos percentuais, e montante das novas aplicações aumentou em Março.

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Remuneração da poupança cai desde o início de 2024 Ricardo Lopes
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Pelo terceiro mês consecutivo, em Março, a taxa de juro dos novos depósitos caiu mais um pouco. O valor médio fixou-se em 2,78%, menos 0,03 pontos percentuais face a Fevereiro (2,81%), mas cada vez mais longe do máximo de 3,08% verificado em Dezembro de 2023.

Em Março de 2023, a taxa encontrava-se bem mais baixa, em 0,9%, tendo acelerado a subida nos meses seguintes.

Segundo os dados do Banco de Portugal (BdP), divulgados esta sexta-feira, a queda de juros em Portugal foi mais expressiva do que na média da zona euro, onde a descida foi de 0,01 pontos percentuais, para 3,16%. Portugal continua na sétima posição dos Estados que remuneram as poupanças abaixo da média dos países do euro.

A descida na remuneração da poupança dos particulares ocorre numa altura em que se prevê um corte de taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), um movimento já antecipado, embora de forma gradual, no custo do dinheiro no mercado monetário, onde diariamente se fixam as taxas Euribor, utilizadas directamente no crédito à habitação e de referência para outras operações. A Euribor mais baixa afecta, essencialmente, a rentabilidade da carteira de crédito à habitação, que, apesar da subida galopante das taxas de mistas nos últimos meses, ainda está presente em cerca de 70% da carteira de crédito total.

A taxa de juro média dos novos depósitos caiu em todas as classes de prazo, mas foi bem mais significativa nas aplicações de prazo mais longo. Assim, “nos novos depósitos com prazo até um ano diminuiu 0,01 pontos percentuais, para 2,81%”, e “esta continuou a ser a classe de prazo com a remuneração média mais elevada e representou 96% dos novos depósitos em Março”, avança o supervisor.

Já nos depósitos de um e dois anos, a taxa de juro média diminuiu 0,18 pontos percentuais, passando de 2,39% para 2,21%, na comparação em cadeia, enquanto a remuneração média dos novos depósitos a mais de dois anos decresceu de 2,06% para 1,96%.

O montante das aplicações nos produtos de poupança dos bancos voltou a aumentar, e totalizou 7767 milhões de euros em Março, um acréscimo de 219 milhões de euros em relação ao mês anterior. Para este montante contribuíram os novos depósitos, mas também as renovações de depósitos constituídos no passado.

Este aumento é explicado pela maior canalização da poupança das famílias para depósitos, em detrimento dos Certificados de Aforro (CA), que viram a sua remuneração descer significativamente na série F, lançada em Junho de 2023. Com o corte da taxa de base para 2,5% (estava em 3,5% no momento do corte e ainda se mantém nesse patamar nas subscrições anteriores a essa alteração, os CA atraíam forte volume de poupança, enquanto os depósitos se reduziam, situação que agora se inverteu.

Os empréstimos das empresas também cresceram, totalizando 6351 milhões de euros em Março, mais 948 milhões do que no mês anterior, e a taxa de juro aumentou ligeiramente, ao passar para 3,38%, mais 0,06 pontos percentuais face aos 3,32% de Fevereiro.<_o3a_p>

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