Partido pró-China vence eleições legislativas das Maldivas de forma categórica

Congresso Nacional Popular, do Presidente Muizzu, elegeu 70 dos 93 deputados do Parlamento, destronando o Partido Democrático Maldivo, próximo da Índia, aliada histórica do país insular.

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Mohamed Muizzu foi eleito Presidente das Maldivas no ano passado depois de prometer acabar com a política "Índia Primeiro" seguida pelo seu antecessor Amr Alfiky / REUTERS
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O processo de aproximação das Maldivas à República Popular da China, em detrimento da Índia, país vizinho e aliado histórico do arquipélago do oceano Índico e principal rival económico e militar dos chineses no continente asiático, parece inevitável, depois da vitória arrasadora do Congresso Nacional Popular (PNC, na sigla em inglês) nas eleições legislativas maldivas que se realizaram no domingo.

Segundo os resultados preliminares da votação, divulgados esta segunda-feira pelas autoridades eleitorais do país insultar, o PNC, o partido pró-China do Presidente Mohamed Muizzu, elegeu 70 dos 93 deputados do Parlamento. Para além disso, os partidos aliados do PNC elegeram outros três representantes.

Em sentido inverso, o Partido Democrático Maldivo (MDP), que detinha a maioria dos membros da assembleia legislativa, com 65 deputados, só conseguiu eleger 15 nestas eleições.

Liderado pelo ex-Presidente Ibrahim Mohamed Solih, que foi derrotado nas presidenciais de Setembro por Muizzu, o MDP é defensor da aliança histórica entre as Maldivas e a Índia e chegou a ameaçar o chefe de Estado com uma moção de censura por causa da sua estratégia de política externa.

As eleições legislativas no território localizado a Sul do subcontinente indiano, composto por mais de mil ilhas, numa zona do oceano Índico considerada estratégica para o Governo de Narendra Modi, primeiro-ministro indiano, foram disputadas com a rivalidade entre Pequim e Nova Deli como pano de fundo.

Crítico da dependência económica, militar e diplomática das Maldivas em relação à Índia, Muizzu defende a diversificação dos parceiros externos do país, tendo sido eleito, em 2023, prometendo acabar com a chamada política “Índia Primeiro” seguida pelo seu antecessor.

Após uma visita à capital chinesa no início do ano, onde fechou 20 acordos de cooperação com o Governo de Xi Jinping, o Presidente maldivo demonstrou interesse em aderir a projectos ligados à Nova Rota da SedaBelt and Road Initiative, de acordo com a designação oficial chinesa, a mega-iniciativa de investimento e de infra-estruturas de Pequim por todo o mundo – nomeadamente através da expansão do aeroporto e do principal porto comercial maldivo.

O China Development Bank, o Industrial and Commercial Bank of China e o Export-Import Bank of China detêm mais de 60% da dívida soberana das Maldivas, que tem uma economia muito dependente das importações e que vive, sobretudo, do sector do turismo.

Pouco depois da viagem de Muizzu a Pequim e no meio de uma polémica que envolveu insultos de governantes maldivos a Modi e apelos nas redes sociais indianas ao boicote das actividades turísticas no arquipélago, o Presidente ordenou a retirada de todos os soldados indianos das Maldivas.

Em declarações à Reuters, Azim Zahir, professor de política na Universidade da Austrália Ocidental, em Perth, diz que este resultado oferece “influência e espaço” a Mohamed Muizzu para levar a cabo uma política externa “mais diversificada”.

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