Montenegro aceita repto do PS, mas frisa que será Governo a definir “tempo e modo” do processo negocial

Primeiro-ministro respondeu à carta que lhe foi enderaçada pelo líder socialista, aceitando o repto com vista a um acordo para a valorização de algumas carreiras da função pública.

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Luís Montenegro saudou disponibilidade do PS para um compromisso Daniel Rocha
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Num regresso a um passado pré-digital, o primeiro-ministro já respondeu à carta que esta segunda-feira o secretário-geral do PS lhe endereçou, também através de uma missiva em que Luís Montenegro dá conta da disponibilidade do Governo para dialogar com os socialistas tendo em vista a valorização de algumas carreiras da administração pública.

Na carta, Luís Montenegro faz questão, no entanto, de lembrar que, antes, será preciso encetar "negociações com as organizações representativas dos trabalhadores" e de vincar que "o tempo e o modo de condução desses processos serão, obviamente, definidos pelo Governo".

O presidente do PSD e líder da AD começa por notar que a carta que Pedro Nuno Santos lhe enviou "veio confirmar a declaração pública de disponibilidade do PS em apoiar a valorização de carreira e salários dos trabalhadores da Administração Pública, em especial" aqueles que o líder socialista mencionou quando propôs a Montenegro a aprovação, até ao Verão, de um orçamento rectificativo para valorizar os rendimentos de professores, profissionais de saúde, forças de segurança e oficiais de justiça.

Na missiva a que o PÚBLICO teve acesso, o primeiro-ministro realça que este "propósito inscreve-se nas prioridades" que a AD anunciou na campanha eleitoral e que o próprio reafirmou no discurso de tomada de posse como líder do novo executivo. Luís Montenegro saúda "democraticamente" o maior partido da oposição pela "responsabilidade política" demonstrada com esta disponibilidade reiterada por Pedro Nuno Santos para convergir com o Governo numa valorização daquelas carreiras da função pública.

Montenegro acrescenta que "oportunamente agendaremos uma reunião de trabalho" com o PS, mas salienta que a mesma só acontecerá depois das "negociações com as organizações representativas dos trabalhadores". De seguida, o líder social-democrata aproveita para demarcar território, puxando para o executivo a prerrogativa de liderar o processo, deixar uma bicada aos governos de António Costa e tentar ganhar tempo.

"O tempo e o modo de condução desses processos negociais serão, obviamente, definidos pelo Governo. Como sabe, até pela experiência infrutífera nesse domínio dos últimos governos, tais negociações revestem-se de elevada complexidade", escreveu o primeiro-ministro, destacando que o seu executivo está "fortemente empenhado em superar todas as dificuldades com a máxima rapidez".

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