Trabalhadores da Medway em greve por melhores salários e condições

Paralisação acontece esta quinta-feira. Trabalhadores pedem também conciliação da vida profissional e familiar, com a empresa a pedir reunião para 11 de Abril.

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Greve acontece esta quinta-feira Daniel Rocha
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Os trabalhadores da empresa ferroviária de mercadorias Medway estão em greve esta quinta-feira por melhores salários e condições, incluindo a conciliação da vida profissional e familiar, tendo a empresa pedido uma reunião para o dia 11 de Abril.

Num comunicado, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF) e a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) explicaram que a entrega do pré-aviso de greve, em meados deste mês, "decorre da opinião recolhida dos trabalhadores, acerca das propostas que a Medway tem em cima da mesa" e que não correspondem "às expectativas de quem trabalha nesta empresa e nem resolve problemas de discriminação entre trabalhadores que se têm vindo a avolumar".

Segundo os sindicatos, "neste processo negocial para o aumento salarial de 2024, a administração apresentou uma proposta de aumento de 3,5%, alegando que era uma percentagem acima da taxa de inflação".

"Recusamos, pelo facto de não ir ao encontro à nossa reivindicação, nem à valorização dos salários mais baixos", indicaram, realçando que "na generalidade, o aumento proposto para os salários mais baixos, rondaria os 32 euros, muito abaixo do aumento do SMN [salário mínimo nacional], que foi de 60 euros".

Segundo os sindicatos, "após várias tentativas de negociação", e apesar de considerarem "insuficiente a proposta apresentada pela administração, que seria de 1% mais um valor fixo de 60 euros, esta comunicou aos trabalhadores que o processo estava concluído, e que iria ser aplicado no final do mês de Março".

Os sindicatos reuniram-se depois com a empresa, mas não chegaram a acordo. Esta quarta-feira, na véspera da greve, a administração da Medway propôs uma reunião para o dia 11 de Abril, indicaram os sindicatos, num outro comunicado.

"Mas se há vontade de resolver um conflito, teria sido mais útil a marcação desta reunião em tempo oportuno, que talvez até pudesse ter evitado a greve" desta quinta-feira, "que se mantém", destacaram.

Os sindicatos consideram que a administração "não percebeu que os trabalhadores, sem deixarem de reconhecer evoluções, consideram que as suas profissões não estão suficientemente valorizadas e que há outros importantes problemas por resolver".

Medway lamenta greve de trabalhadores em pleno período negocial

A empresa ferroviária de mercadorias lamentou hoje que a greve dos trabalhadores por melhores condições tenha sido convocada, de "forma inusitada", em pleno período negocial e enquanto analisava uma proposta do sindicato.

Hoje, em comunicado, a empresa lamentou que o pré-aviso de greve tenha surgido, de “forma intempestiva num momento em que não existiu qualquer alteração das relações laborais da empresa”.

“A greve foi convocada, de forma inusitada, em pleno período negocial e enquanto a Medway analisava uma proposta do SNTSF”, acrescentando a empresa que aguarda que o sindicato, “querendo, retome as negociações que abandonou, unilateralmente”.

Na nota, a empresa destaca que os trabalhadores são o principal activo da empresa.

“Por isso, é de assinalar que desde que o novo accionista entrou na empresa, os salários tiveram um aumento médio acumulado, desde 2016 até 2023, de 40%, quando a inflação acumulada de igual período foi de 16,7%”, é referido na nota.

A empresa lembra ainda que no ano passado os aumentos foram, em média de 7,8%, face ao valor de 2022 e este ano chegam aos 6%, acima da taxa de inflação de 4,3%, verificada em 2023.

A Medway recorda igualmente que o investimento do accionista no desenvolvimento da actividade da empresa permitiu reforçar a frota com mais 28 locomotivas, num investimento de 120 milhões de euros e criar 199 novos postos de trabalho em Portugal.

Permitiu também o desenvolvimento de projectos de investimento, como o maior terminal rodoferroviário da península ibérica, uma unidade fabril para vagões inteligentes, com investimento de 70 milhões de euros, e selecção, pela RENFE Mercancias (operador ferroviário público espanhol), como parceiro estratégico para desenvolvermos em conjunto o seu futuro, com sede e direcção em Portugal.

“Este foi um caminho de crescimento que construímos em conjunto com os trabalhadores (apesar dos aumentos que o Estado nos impôs, em especial os 22% de aumento da taxa de utilização da infraestrutura ferroviária), num clima de paz social e de benefício para os trabalhadores desta empresa, nos últimos oito anos”, sublinha a empresa no comunicado.

DD (ALN) // SB

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