Participação de Israel na Eurovisão validada após alteração na letra

Hurricane, de Eden Golan, representará o país no concurso que terá lugar em Maio na Suécia. Por toda a Europa há movimentos a reclamar que Israel seja excluído da edição deste ano.

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Eden Golan representará Israel no festival da Eurovisão em Maio DR
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Os organizadores da Eurovisão validaram esta quinta-feira a música apresentada por Israel ao concurso, após uma modificação na letra com a intenção de apagar qualquer menção que pudesse ser considerada política, adiantou a cadeia pública de radiodifusão israelita Kan.

"A União Europeia de Radiodifusão (UER) informou a Companhia Israelita de Radiodifusão Kan de que a música Hurricane, interpretada por Eden Golan, foi aprovada e que Israel participará no Festival Eurovisão da Canção conforme planeado", referiu em comunicado a cadeia pública, responsável pela selecção da concorrente de Israel na Eurovisão.

"A decisão foi tomada pela comissão de acompanhamento do Festival Eurovisão da Canção, após discussão da letra da canção (...) e após audição da sua interpretação", acrescentou a Kan, que irá apresentar o tema numa emissão especial no próximo domingo.

O programa HaKokhav HaBa ("A Próxima Estrela") da emissora pública israelita seleccionou há duas semanas a cantora Eden Golan para representar Israel no Festival Eurovisão da Canção 2024 com a canção October rain, que se refere ao ataque do Hamas em solo israelita do passado 7 de Outubro.

Inicialmente, a Kan discordou da ideia de alterar a letra, para atenuar o seu tom político, mas decidiu seguir o conselho do Presidente israelita Isaac Herzog, que na semana passada intercedeu entre a estação pública de televisão de Israel e a UER, que organiza o festival, para evitar a disputa.

"Penso que é importante para Israel participar na Eurovisão, e isto é também uma declaração, porque há inimigos que tentam expulsar-nos de todos os palcos", afirmou na altura Herzog.

Segundo a Kan, a UER também não gostou da canção que ficou em segundo lugar na pré-selecção da Kan, intitulada Dance forever, sobre as incidências do massacre de 7 de Outubro no festival de música electrónica Nova, onde mais de 360 pessoas morreram às mãos do Hamas.

Hurricane, cuja letra ainda não foi divulgada, é uma versão de October rain, segundo a Kan.

A controvérsia sobre a letra da canção israelita surgiu entre vários apelos de cidadãos e artistas europeus à UER para que vete a participação de Israel devido à guerra em curso na Faixa de Gaza. Em Portugal, têm-se sucedido os apelos à RTP para que faça pressão nesse sentido.

O organismo respondeu que a Eurovisão é um evento "apolítico", mas este argumento foi criticado, tendo em conta o precedente recente da rápida expulsão da Rússia na sequência da sua agressão militar contra a Ucrânia em 2022.

O 68.º Festival Eurovisão da Canção decorrerá em Maio, em Malmo, na Suécia, 50 anos depois da primeira vitória daquele país com o tema Waterloo, dos ABBA.

Israel foi o primeiro país não europeu a poder participar no concurso, em 1973, e ganhou quatro vezes.

A 7 de Outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que está desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e é classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 130 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que entrou no 153.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, tendo feito até agora na Faixa de Gaza mais de 30.800 mortos, pelo menos 72.298 feridos e cerca de sete mil desaparecidos soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

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