O PÚBLICO faz anos e, desta vez, fala de mulheres, de igualdade de género e de liberdade

Dia 5 de Março celebra-se o aniversário do PÚBLICO. E há semanas que está a ser preparada uma edição especial e uma grande conferência na Culturgest, em Lisboa.

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Maria Teresa Horta é a directora por um dia no 34.º aniversário do PÚBLICO Daniel Rocha
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Quem se lembra de, a 5 de Março de 2022, ver uma edição especial do PÚBLICO dedicada à crise climática? Ou de, um ano depois ser surpreendido nas bancas por um "Vida Morte" em letras gordas, na capa, numa edição quase integralmente dedicada ao tema da liberdade e direitos humanos dirigida pelo artista e activista chinês Ai Weiwei​? Este ano, o aniversário do PÚBLICO é celebrado com uma nova temática, à qual dedicamos uma série de reportagens, uma nova edição especial a 5 de Março e uma conferência na Culturgest, em Lisboa, também nesse dia. O mote é este: "Ser Mulher em Liberdade".

Dedicar o 34.º aniversário do jornal a falar "do que é ser mulher hoje, quando assinalamos os 50 anos do 25 de Abril", foi um desafio do director do PÚBLICO, David Pontes, explica Andreia Sanches, directora adjunta. Todos os anos, o PÚBLICO convida uma personalidade para assumir o papel de "director por um dia". E perante o tema que se pretendia abordar, a escolha mais óbvia era Maria Teresa Horta, 86 anos, jornalista em vários jornais como O Século e o Diário de Notícias, dezenas de livros publicados, sobretudo de poesia, condecorada com a Ordem da Liberdade. "Para nossa felicidade, a escritora, considerada uma pioneira do feminismo em Portugal, uma das três autoras do célebre livro Novas Cartas Portuguesas, aceitou", diz Andreia Sanches.

Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, autoras Novas Cartas Portuguesas, ficaram conhecidas como as "Três Marias". Foram acusadas, durante o regime marcelista, de ter escrito um livro com “conteúdo insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”, o que deu origem a um movimento de apoio de feministas de outros países. Acabaram absolvidas a 7 de Maio de 1974. A obra é um marco no movimento feminista.

Na redacção do PÚBLICO, o tema "Ser Mulher em liberdade" começou a ser trabalhado há semanas. Houve uma "reunião de brainstorming com jornalistas de diferentes secções do jornal", e depois, em várias outras conversas, envolvendo mais pessoas de diferentes departamentos do jornal, foram surgindo propostas de trabalhos, reportagens e entrevistas, em diferentes formatos, destinadas a aprofundar o papel de homens e mulheres, as desigualdades que persistem em diferentes esferas, os desafios que se colocam na educação, na saúde, no desporto, nas empresas, na política, os velhos e os novos estereótipos, conta Andreia Sanches. Muitas dessas ideias foram concretizadas numa série, que arrancou no dia 11 de Fevereiro, com um ensaio da escritora Isabela Figueiredo, e que se prolongará até 8 de Março, Dia da Mulher.

Maria Teresa Horta considera que é essencial debater estes temas, até porque entende que muito está por fazer em matéria de igualdade entre homens e mulheres. "Estamos atrasadíssimos", diz.

Hoje, "a igualdade de género continua a ser um desafio que teve pioneiras e tem defensoras", escreveu também o director David Pontes na página especial no site do PÚBLICO dedicada ao aniversário. Maria Teresa Horta é ambas as coisas.

Ao mesmo tempo que se pensou no tema e nos conteúdos, a redacção do PÚBLICO começou a projectar qual a melhor imagem que os representa. O design que marca o aniversário, explica Inês Oliveira, directora de Design de Produto Digital do PÚBLICO, é "inspirado em todas as mulheres, também importantes, e de quem não vamos falar: daí a tipografia que 'aparece e desaparece' e as silhuetas".

O que posso esperar deste aniversário?

Apesar de ainda faltarem uns dias para a data de aniversário, a edição especial do PÚBLICO já começou. Reportagens diárias começaram a sair a partir de dia 26 de Fevereiro. Nestes trabalhos pode compreender, por exemplo, o que é "a taxa rosa", que faz com que os preços dos produtos para mulheres possam ser superiores aos dos homens sem explicação aparente, ou conhecer cientistas mulheres que foram ofuscadas por homens, apesar dos méritos do trabalho delas. Ou como é que a Inteligência Artificial vê as mulheres no mundo. A 5 de Março haverá uma edição com vários trabalhos de fundo, que dá voz a diferentes gerações e a pessoas das mais diversas áreas.

Para este dia, na Culturgest, estão agendadas uma grande conferência e várias iniciativas com entrada gratuita: pode inscrever-se aqui. O dia inicia-se às 8h, com um pequeno-almoço exclusivo para assinantes do PÚBLICO, que junta Zita Martins, astrobióloga portuguesa, e Cláudia Azevedo, presidente executiva da Sonae. Os assinantes também podem assistir à gravação ao vivo do podcast Soundbite.

A primeira key note speaker da conferência é Lídia Jorge, autora de dezenas de livros. Leonor Caldeira, advogada, Prémio Nelson Mandela 2022, atribuído pela ProPública, é outra das conferencistas. Vão ainda existir três debates: o primeiro, "Trabalho igual, qualificações superiores, salários mais pequenos", vai procurar responder a questões como "o que estão a fazer as lideranças femininas nas empresas para criar culturas organizacionais que promovam a igualdade de oportunidades", o segundo tem como mote "Família: homens, mulheres e partilha" e terceiro foca-se na educação, para discutir os estereótipos de género transmitidos na educação familiar e na escola. Estas discussões contam com a participação de investigadoras como Sara Falcão Casaca ou Anália Torres, de algumas colunistas do PÚBLICO, de professores, empresárias, entre outros. Pode ainda contar com workshops, que se estendem até às 17h30.

Nos intervalos, pode sempre aproveitar para ler a edição impressa onde, além reportagens que olham para o passado e o presente – 50 anos depois de Abril, como vêem os rapazes adolescentes e as raparigas adolescentes as questões de género? é uma delas – poderá ler uma grande entrevista a Maria Teresa Horta.

Texto editado por Marta Moitinho Oliveira

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