Antiga ministra austríaca é a nova directora da principal instância europeia de saúde

Pamela Rendi-Wagner, de 54 anos, assume o mandato de cinco anos em Junho de 2024. A médica e política austríaca substitui Andrea Ammon na direcção do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças.

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Pamela Rendi-Wagner esteve na liderança do Partido Social-Democrata da Áustria até meados de 2023 ECDC
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A antiga ministra da Saúde austríaca Pamela Rendi-Wagner é a nova directora do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), substituindo a actual responsável Andrea Ammon em Junho de 2024. A nomeação foi anunciada esta quarta-feira e, antes da tomada de posse, a médica austríaca responderá às questões dos deputados do Parlamento Europeu em Março – onde determinará as prioridades para os próximos cinco anos de mandato.

Pamela Rendi-Wagner, com 54 anos, assumirá agora esta pasta depois de ter deixado a liderança Partido Social-Democrata da Áustria (de centro-esquerda) em Junho do ano passado. Depois de ter estado na oposição desde 2018, a austríaca ficou em terceiro lugar nas eleições internas do partido. Foi a primeira mulher a liderar o partido austríaco, já depois de seis anos como directora-geral da Saúde da Áustria. A médica austríaca chefiou o Ministério da Saúde e da Mulher do seu país durante nove meses, em 2017, naquela que foi a sua primeira experiência política antes de avançar para a liderança do seu partido.

A nomeação da directora do centro europeu é feita através de votação secreta pela administração do ECDC, composto por um representante de cada Estado-membro – a representante portuguesa é Rita Sá Machado, directora-geral da Saúde –, dois membros escolhidos pelo Parlamento Europeu e três representantes da Comissão Europeia.

Entre os principais desafios que terá nos próximos cinco anos estão a preparação para futuras epidemias, já iniciada neste mandato, a digitalização em todos os países da vigilância e aviso de surtos, a resposta às quebras na cobertura de vacinação e o combate à resistência aos antibióticos – que a sua antecessora caracterizou a grande emergência actual.

Política (desde 2017) e médica, Pamela Rendi-Wagner foi também investigadora em epidemiologia das doenças infecciosas e na prevenção de doenças através de vacinas, trabalho que transportou para a criação de uma rede de vigilância para a detecção de doenças infecciosas na Áustria – um dos pontos destacados na sua biografia. Aliás, este é um traço de continuidade face à ainda directora do ECDC, a alemã Andrea Ammon, também ela especialista em doenças infecciosas, nomeadamente no campo das zoonoses (doenças transmitidas de animais para humanos).

Andrea Ammon deixa o ECDC depois de sete anos de liderança, já que o seu mandato de cinco anos, iniciado em 2017, foi prolongado por dois anos, por decisão da administração do ECDC e justificada pela situação pandémica. Ao PÚBLICO, em Maio do ano passado, destacava que até ao fim do seu mandato pretendia aplicar os poderes reforçados do centro europeu (com mais responsabilidade na preparação dos países europeus para futuras emergências) e apoiar os países na digitalização da vigilância de doenças. Os sete anos de liderança ficam marcados pela emergência da covid-19 e por novas ameaças nos últimos anos, com o surto de mpox ou o aumento de casos de sarampo mais recente.

A próxima directora do ECDC completou a sua formação médica na Universidade Médica de Viena, tendo-se especializado na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (Reino Unido). Ao longo das últimas três décadas trabalhou nesta área na Universidade Médica de Viena e na Universidade de Telavive (Israel). Entre 2011 e 2017, Pamela Rendi-Wagner também fez parte da administração do ECDC, uma vez que era directora-geral da saúde na Áustria.

O ECDC é a mais alta instância europeia na saúde, com responsabilidades sobretudo no aconselhamento dado aos países europeus para a prevenção e para a resposta a emergências de saúde. No entanto, é também responsável pela monitorização de doenças e pelas recomendações que definem boa parte das políticas públicas de saúde nos Estados-membros.

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