Sindicato dos Jornalistas marca greve geral para 14 de Março

Jornalistas vão protestar para exigir aumento geral dos salários e dizem que “não é aceitável que uma profissão com esta relevância e exigência seja paga com salários que mal chegam para sobreviver”.

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Jornalistas vão fazer greve geral a 14 de Março MIGUEL A. LOPES
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O Sindicato dos Jornalistas (SJ) agendou uma greve geral para 14 de Março, contra os baixos salários, precariedade e degradação das condições de trabalho do sector. Esta é a primeira vez em mais de 40 anos que é marcada uma greve geral de jornalistas.

"Vamos parar no dia 14 de Março para exigir contratos de trabalho estáveis. Paramos para exigir aumento geral dos salários, não é aceitável que uma profissão com esta relevância e exigência seja paga com salários que mal chegam para sobreviver", anunciou o presidente do SJ, Luís Simões, em conferência de imprensa, em Lisboa.

No fim de Janeiro, os jornalistas portugueses presentes no Congresso dos Jornalistas mandataram, de forma unânime, o Sindicato dos Jornalistas para realizar a convocatória de uma greve geral. A paralisação total servirá para alertar para o estado do sector, “eternamente com salários baixos ou precários”, e para mostrar solidariedade para com os trabalhadores do Global Media Group, com salários em atraso e, na altura, uma ameaça de despedimento colectivo.

Entre as 24 moções apresentadas a votação num dos dias do congresso, três delas apelavam à realização de uma greve geral. As propostas foram fundidas numa única e os jornalistas resolveram avançar de forma unânime.

"Chegou o momento de passarmos das palavras aos actos. Há muito que o diagnóstico está feito: degradou-se o exercício do jornalismo. Chegou o momento de exigirmos respeito. A paixão dos jornalistas pela profissão não pode servir de pretexto para a exploração do trabalho", assinalou o presidente do SJ.

O sindicalista considerou não ser admissível "expulsar" quem tem décadas de redacção por ganhar acima da média, condenar repórteres de imagem a "uma eternidade de falsos recibos verdes", ter estagiários a ganhar 150 euros por mês ou ter freelancers a receber 20 euros por peça.

Ainda assim, reconheceu o "quão difícil é fazer greve quando se está vulnerável", mas sublinhou que "só juntos" os jornalistas podem exigir condições dignas. "As redacções estão reduzidas até ao osso. Só por milagre é que se produz um jornalismo de qualidade, quando as condições da redacção se degradam tanto", vincou.

Por outro lado, Luís Simões lembrou que os "fluxos constantes de notícias" estão a ser sustentados por práticas laborais que "atropelam direitos", numa altura em que se registam níveis elevados de ansiedade e burnout (esgotamento) entre os jornalistas.

Os jornalistas vão assim parar para exigir contratos estáveis, o aumento geral dos salários, o pagamento de horas extra e de compensações pelo trabalho nocturno, no fim-de-semana e pela isenção de horário. O SJ já tinha garantido que a greve não ia acontecer durante a campanha eleitoral.

O dia 14 foi escolhido por "provavelmente estar em discussão um novo Governo" e é "importante que os poderes políticos percebam que não há mais possibilidade de não se apoiar o jornalismo, sob pena da desinformação ganhar". Em resposta aos jornalistas, Luís Simões disse esperar uma "grande adesão" à greve. "Acredito que adesão a greve ser expressiva. Não tenho grandes duvidas sobre isso", reiterou.

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