Dona do JN, DN e TSF quer despedir 150 trabalhadores

Segundo um comunicado enviado à redacção, as delegadas sindicais do JN dizem que foram convocadas pela administração para lhes ser comunicada a “intenção de proceder a um despedimento colectivo”.

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O processo envolverá 150 trabalhadores, o que perfaz cerca de um terço dos funcionários do grupo Jose Sarmento Matos
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O Global Media Group (GMG), que detém os jornais Diário de Notícias, Jornal de Notícias, O Jogo, a rádio TSF e o Dinheiro Vivo, entre outras empresas de media, quer iniciar um processo de despedimento colectivo que envolverá cerca de 150 trabalhadores do grupo.

Segundo um comunicado interno enviado no fim da tarde desta quinta-feira à redacção do JN, as delegadas sindicais daquele jornal dizem que foram convocadas pela administração do grupo para lhes ser comunicada a "intenção de proceder a um despedimento colectivo". Segundo as palavras da administração, o despedimento terá como objectivo "contrariar uma situação financeira muito complicada”.

"As delegadas questionaram a administração quanto à impossibilidade de se continuar a fazer um jornal como o JN com a machadada nos já parcos recursos que pode representar a anunciada intenção", lê-se ainda na nota, onde também se apela a que os jornalistas do diário compareçam num plenário que será realizado na tarde desta sexta-feira.

Segundo apurou o PÚBLICO junto de uma fonte sindical, que confirmou as intenções da administração do GMG de avançar para despedimento colectivo, o processo envolverá 150 trabalhadores. O PÚBLICO tentou contactar por vários meios, sem sucesso, a administração do GMG.

Ao jornal ECO, José Paulo Fafe, CEO do grupo, confirma que existiram conversas com representantes do JN e da TSF, mas diz que o despedimento colectivo “é a solução menos desejável e que "há outras”. “Não há decisão nenhuma. Há a necessidade de conter despesas, de aumentar receitas e de racionar os custos. Há várias medidas que podem ser implementadas, estamos a estudá-las”, apontou.

Ainda este mês, Marco Galinha cessou as funções de presidente da comissão executiva do Global Media Group depois de o Grupo Bel (detido por Galinha) ter vendido a maioria do capital da sociedade participada Páginas Civilizadas, detentora de uma posição maioritária na Global Notícias - Media Group, S.A.

Também este mês, o conselho de redacção do Jornal de Notícias acusou a administração da GMG de “uma tentativa de ingerência externa em competências exclusivamente editoriais”. Segundo um comunicado daquele órgão representativo dos jornalistas do JN que data de 13 de Novembro, a acusação acontece na sequência de um comunicado da empresa, que os jornalistas receberam “com grande preocupação”, a dar conta de “mudanças na direcção editorial das revistas Evasões e Volta ao Mundo, “que nos últimos anos têm estado na órbita do JN”.

A 21 de Setembro, os trabalhadores da TSF fizeram greve pela primeira vez em 35 anos tendo o protesto tido a adesão total, de acordo com a informação prestada a altura por delegados sindicais.

Num comunicado assinado pelos delegados, pela comissão mista e pelo conselho de redacção, os trabalhadores, que estiveram em greve 24 horas, reiteraram os motivos do protesto, designadamente o pagamento de salários com atraso há dois meses, a falta de resposta nas negociações sobre aumentos salariais e o apoio à direcção liderada por Domingos Andrade.

Andrade acabou por ser substituído sem que tivesse sido auscultado o conselho de redacção, que por lei deve pronunciar-se sobre a designação ou demissão do/a director/a. Nesse mesmo dia, a administração anunciou que Rosália Amorim passava a ser directora da TSF e Rui Gomes o director-geral da rádio.

Notícia actualizada às 23h15 com declarações de José Paulo Fafe, CEO do GMG

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