Pedro Nuno: “Dois governos caíram” por causa da justiça

No debate com Paulo Raimundo, Pedro Nuno pela primeira vez falou na queda do Governo Costa e também de Albuquerque por causa da justiça.

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Pedro Nuno Santos e Paulo Raimundo debateram este sábado José Alves
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No debate entre Paulo Raimundo e Pedro Nuno Santos, na SIC, a primeira pergunta da moderadora foi sobre justiça. Confrontou Pedro Nuno Santos com o facto de se ter pronunciado de três formas diferentes, nos últimos dias, quando interrogado sobre o tema. O secretário-geral do PS respondeu que não comentou, nem irá “comentar casos concretos”, afirmou que o PS “tem propostas” no programa mas referiu, pela primeira vez, que “dois governos caíram” por causa de processos judiciais – o Governo Costa e o Governo Regional da Madeira. “A justiça não está acima do escrutínio, não há nenhuma área que esteja acima do escrutínio”.

Paulo Raimundo, o secretário-geral do PCP, afirmou que “há um problema de falta de confiança na justiça” e deu vários exemplos, desde os “despejos injustos”, os “despedimentos fraudulentos” e “os conflitos familiares que envolvem menores”. A necessidade de uma “resposta mais célere” e o acesso à justiça foram apontados pelo comunista que acusou PS e PSD, que tiveram “responsabilidades governamentais” de serem os culpados da situação, nomeadamente da existência de “uma justiça para pobres e uma justiça para ricos”.

Estão em divergência em muitas matérias, nomeadamente na questão dos salários, mas não faltarão um ao outro, se for o caso. “A CDU é um porto seguro”, disse Raimundo. “Quando tivemos que dizer sim para recuperar o que foi roubado no tempo dos governos da troika, estivemos lá”. Mas também lembrou que não cederam à “chantagem” do Orçamento de 2022, que o PCP chumbou.

Pedro Nuno Santos reconheceu “o papel muito importante” que o PCP teve “naqueles anos” (os da geringonça), mas trazia a agenda do trabalho digno, aprovada pela maioria absoluta do PS e contra a qual o PCP votou, para atacar o seu opositor. “Houve avanços muito importantes na legislação laboral em que o PCP quis estar contra”, disse.

Para Pedro Nuno Santos, “falta fazer o debate de como se aumenta os salários no país” e na opinião do secretário-geral do PS é com a sua estratégia de reindustrialização e com o Estado a apoiar a “diversificação da economia”, “seleccionando os sectores com maior capacidade de arrastamento [da economia]”. “Não é decretar aumentos salariais, a economia não funciona assim”, defendeu o secretário-geral do PS.

Paulo Raimundo respondeu às cautelas do líder socialista: “Quando não temos vontade de avançar para medidas, a primeira pergunta que fazemos é ‘quanto custa’”, disse, lembrando que “ninguém perguntou aos portugueses” quanto custava salvar a banca.

Mas Pedro Nuno continuou a insistir com o alegado irrealismo das propostas do PCP, justificando : “Não há uma capacidade financeira ilimitada”. O secretário-geral do PS fez a apologia das contas certas, sem deixar de recordar que ele próprio defendeu que a dívida devia ser reduzida a menor ritmo. “Não podemos pôr em causa o controlo das contas públicas”, disse, e lembrou a Paulo Raimundo que a geringonça conseguiu inverter as medidas da troika e controlar a dívida. “Em conjunto conseguimos. Provámos em 2015 que era possível”.

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