Partido de Viktor Orbán boicota sessão para acelerar entrada da Suécia na NATO

Suécia espera por acordo com Hungria para aderir à NATO.

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Partido de Viktor Orbán ausente do Parlamento REUTERS/Bernadett Szabo
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O Fidesz — União Cívica Húngara, partido nacionalista e conservador do primeiro-ministro Viktor Orbán, boicotou, nesta segunda-feira, uma sessão parlamentar extraordinária convocada pelos partidos da oposição com vista a acelerar o processo de adesão da Suécia à NATO. A Turquia, vista como muitos como o principal entrave da adesão dos suecos à Aliança Atlântica, aprovou a entrada em Janeiro, faltando apenas a Hungria para a concretização do processo.

A decisão foi tomada apesar da presença de embaixadores de países da NATO na galeria parlamentar — na esperança de persuadir o partido Fidesz a cumprir a sua promessa de que a candidatura sueca seria aprovada "na primeira oportunidade possível", descreve o jornal Politico. Mas, em sentido contrário, a Hungria exigiu que o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, visite Budapeste antes que o Parlamento se pronuncie sobre a candidatura de Estocolmo.

Máté Kocsis, líder do grupo parlamentar do Fidesz, disse que a ratificação da adesão da Suécia à NATO poderia ocorrer no início da sessão parlamentar ordinária, actualmente prevista para o final de Fevereiro, "dependendo de um encontro entre os primeiros-ministros húngaro e sueco em Budapeste".

Esta mensagem foi repetida por Zoltán Kovács, do gabinete de comunicação do primeiro-ministro. "O líder do grupo parlamentar sublinhou que o empenho do Governo sueco na adesão à NATO deveria motivar uma visita à Hungria, à semelhança do que fizeram com a Turquia, o que implica que a ratificação depende da importância que a Suécia atribui a esta adesão e da sua vontade de participar em discussões directas em Budapeste", disse Kovács, citado pelo Político.

Frustração a ocidente

Segundo escreve a Reuters, além de enviados dos EUA, em Budapeste, estiveram também representantes de outros países da NATO, como a Polónia, Dinamarca ou Eslováquia, "numa demonstração surpreendente de pressão para que se aprove a candidatura da Suécia à aliança".

O atraso húngaro tem frustrado profundamente os responsáveis ocidentais, que têm manifestado a sua preocupação com a duração do processo e com a falta de clareza sobre os motivos que justificam as acções da Hungria. Viktor Orbán é próximo de Vladimir Putin e recentemente bloqueou mesmo o apoio financeiro e militar à Ucrânia. A situação apenas foi ultrapassada na semana passada.

"Com a nossa presença hoje, quisemos mostrar a nossa solidariedade para com a Suécia e o embaixador sueco em Budapeste, na sua tentativa de aderir à NATO num momento tão difícil e exigente para o mundo. Esperamos que isso aconteça o mais rapidamente possível", disse um alto-diplomata europeu, que falou sob condição de anonimato ao jornal britânico The Guardian. "Não sabíamos que partidos estariam presentes durante a sessão, por isso a única mensagem que queríamos mostrar era a nossa solidariedade para aumentar a nossa segurança na região", acrescentou um outro diplomata europeu. "A Hungria tinha prometido não ser a última. Essa promessa foi quebrada. Esperamos uma ratificação rápida assim que o Parlamento voltar a reunir-se", sublinhou a mesma fonte.

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