Santander renegociou um quinto da carteira de crédito à habitação

O Santander renegociou 55 mil contratos de crédito ao longo do último ano, adiantou o presidente do banco. Pedro Castro Almeida rejeita, ainda, ter interesse em comprar o Novo Banco.

Foto
Pedro Castro Almeida, presidente executivo do Santander Portugal LUSA/TIAGO PETINGA
Ouça este artigo
00:00
03:01

O Santander Portugal renegociou, ao longo do último ano, cerca de um quinto dos créditos à habitação que tem em carteira, num período em que várias famílias procuraram formas de atenuar o impacto da inflação sobre os seus rendimentos disponíveis.

Os dados foram avançados, nesta sexta-feira, pelo presidente executivo do Santander, Pedro Castro Almeida, durante a apresentação de resultados do banco, que registou lucros de 895 milhões de euros em 2023, um aumento de quase 60% em relação ao ano anterior. Este crescimento é explicado, quase exclusivamente, pelo contexto de subida das taxas de juro, que levaram a um crescimento exponencial da margem financeira: no ano passado, o Santander viu este indicador, que reflecte a diferença entre juros cobrados no crédito e juros pagos nos depósitos, quase duplicar, alcançando os 1491 milhões de euros.

E é também esse contexto, precisamente, que justifica a procura por renegociação dos créditos por parte das famílias, que viram os empréstimos encarecer significativamente à boleia da subida das taxas de juro. Ao todo, revelou Pedro Castro Almeida, o Santander renegociou cerca de 55 mil contratos de crédito, a maioria dos quais relativos a "clientes que sofreram uma redução dos rendimentos disponíveis durante o ano passado".

Estes 55 mil contratos, detalhou o responsável, correspondem a cerca de 20% do número total de contratos de crédito à habitação que o banco tem em carteira. Não foi revelado, contudo, o montante total associado a estes contratos de crédito.

Destes 55 mil, cerca de 17 mil são relativos a contratos abrangidos pelo regime de bonificação de uma parte dos juros associados aos empréstimos (um apoio directo do Estado às famílias com crédito à habitação e que não implica custos para os bancos). Outros três mil dizem respeito aos pedidos de fixação da prestação do crédito à habitação. Contam-se, ainda, em torno de 7500 contratos renegociados ao abrigo do Decreto-Lei 80-A/2022, que veio facilitar a renegociação de créditos para famílias em risco de incumprimento.

"Os remanescentes são renegociações bilaterais entre o banco e os clientes", disse apenas Pedro Castro Almeida.

"Se nos entregarem o [Novo Banco], ficamos com ele"

Ainda durante a conferência de imprensa desta sexta-feira, Pedro Castro Almeida foi questionado, por várias vezes, sobre o potencial interesse do Santander em comprar o Novo Banco, instituição cujo principal accionista, o fundo norte-americano Lone Star, já manifestou ter intenção de vender.

Sobre este assunto, o presidente do Santander garantiu não ter qualquer intenção de compra, mas não rejeita, de forma taxativa, vir a adquirir o banco que nasceu da resolução do Banco Espírito Santo (BES).

"O Novo Banco não está no nosso horizonte. Não estamos a pensar comprar, estamos a crescer organicamente. Mas, se nos entregarem o banco, ficamos com ele, não podemos dizer nunca", afirmou Pedro Castro Almeida, acrescentando ainda que, "se a Caixa Geral de Depósitos não quer perder a liderança do mercado português, tem de se candidatar a comprar o Novo Banco".

Sugerir correcção
Ler 2 comentários