Chuva: Alqueva sobe 1,87 metros numa semana e está a 80% da capacidade

Com a chuva, o rio Guadiana “teve caudais muito relevantes a chegar” a Alqueva, com números “perto dos 1200 metros cúbicos por segundo”, algo como uma piscina olímpica a cada dois segundos.

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Durante a última semana, graças à chuva que caiu, a subida da albufeira de Alqueva deveu-se à água proveniente do rio Guadiana Nuno Ferreira Santos
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A albufeira de Alqueva, no Alentejo, subiu 1,87 metros na última semana, com um encaixe de quase 360 milhões de metros cúbicos de água, e está hoje "a 80%" da capacidade, revelou o presidente da empresa gestora.

"As duas últimas tempestades que atravessaram o nosso território trouxeram precipitações importantes e trouxeram também escoamentos" para a albufeira, destacou José Pedro Salema, presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva (EDIA).

Em comunicado publicado nesta segunda-feira na sua página na rede social Facebook, a EDIA divulgou que, às 8h, a albufeira de Alqueva estava na cota 148,60, o que representava uma subida de 1,87 metros face a segunda-feira passada.

"Esta subida de cota reflecte-se num encaixe de 358 hectómetros cúbicos (hm3) de água", acrescentou a empresa, indicando que a albufeira armazenava, nessa altura, 3332hm3.

Contactado pela Lusa, o presidente da EDIA disse que este valor significa que Alqueva está "a 80%" da sua capacidade máxima de armazenamento e realçou que, devido à chuva intensa que caiu na região na semana passada, os números de hoje "correm o risco" de ficar "rapidamente desactualizados". "Os volumes afluentes [ao Alqueva] ainda são importantes", alertou José Pedro Salema.

Durante a última semana, graças à chuva que caiu, a subida da albufeira deveu-se à água proveniente do rio Guadiana, que "teve caudais muito relevantes a chegar" a Alqueva, com números "perto dos 1200 metros cúbicos por segundo, o que é qualquer coisa como uma piscina olímpica a cada dois segundos", exemplificou.

Descargas das barragens

E a água armazenada na albufeira aumentou também fruto daquela que veio através de "outras ribeiras" e das descargas feitas por barragens: "A barragem do Lucefecit descarregou, a barragem do Monte Novo, perto de Évora, descarregou também", disse.

"Portanto, uma importante bacia hidrográfica que converge em Alqueva esteve produtiva nos últimos dias e ainda está. O Guadiana ainda está com caudais na ordem dos 400 metros cúbicos por segundo e, portanto, a subida vai continuar, agora com um ritmo cada vez menor, mas ainda está a chegar muita água", frisou o presidente da EDIA.

E se há umas duas semanas, quando o Alqueva estava a 72%, a situação era positiva, agora, com a albufeira mãe a 80%, as perspectivas ainda são mais favoráveis para o sistema abastecido pelo empreendimento, segundo José Pedro Salema.

Inverno ainda longe de acabar

"O Inverno ainda está longe de acabar, ainda temos muitos meses pela frente até à Primavera, em que podem ocorrer também escoamentos importantes. Portanto, estamos confortáveis, quer venha mais água, quer não venha", afiançou.

O Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva é garantia de água para a agricultura, com uma área de regadio com 130 mil hectares, para o abastecimento público e industrial e para a produção de energia hidroeléctrica, além de potenciar o turismo na região do Alentejo.

O Governo anunciou um conjunto de medidas para enfrentar a seca, dirigidas quase todas ao Algarve, enquanto, no que respeita ao Alentejo, adjudicou a ligação da barragem do Monte da Rocha (Ourique) a Alqueva, obras que envolvem um investimento de 28,5 milhões de euros e que devem ficar prontas "até final de 2025".

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