Jornalistas em greve durante uma hora em solidariedade com trabalhadores da Global Media

Jornalistas por todo o país fizeram greve das 14h às 15h pela defesa do jornalismo e em solidariedade com os trabalhadores do Global Media Group. Vários jornalistas do PÚBLICO aderiram ao protesto.

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Trabalhadores da Global Media Group concentram-se junto à Assembleia da República em dia de greve geral NFS Nuno Ferreira Santos?
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Trabalhadores da Global Media Group concentram-se junto à Assembleia da República em dia de greve geral NFS Nuno Ferreira Santos?
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Trabalhadores da Global Media Group concentram-se junto à Assembleia da República em dia de greve geral NFS Nuno Ferreira Santos?
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Trabalhadores da Global Media Group concentram-se junto à Assembleia da República em dia de greve geral NFS Nuno Ferreira Santos?
Palácio de São Bento/Assembleia da República
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Trabalhadores da Global Media Group concentram-se junto à Assembleia da República em dia de greve geral NFS Nuno Ferreira Santos?
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Decorreu esta quarta-feira, entre as 14h e as 15h, uma greve de uma hora nas redacções pelo país em solidariedade com os trabalhadores da Global Media Group (GMG). O protesto acontece no mesmo dia em que os trabalhadores cumprem uma greve geral de 24 horas, e várias manifestações, na sequência de uma crise económica no grupo que provocou atrasos salariais, falhas no pagamento dos subsídios, um programa de rescisão de contratos com até 200 colaboradores e um cenário de enorme fragilidade e incerteza.

Vários jornalistas do PÚBLICO aderiram à paralisação em solidariedade com os trabalhadores do GMG — dono de títulos como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Dinheiro Vivo, O Jogo e TSF — e "pela defesa do jornalismo", tal como consta na página oficial do Sindicato dos Jornalistas. "Enfrentamos, actualmente, um dos momentos mais difíceis dos últimos anos, de que a situação no Global Media Group é o exemplo mais premente e urgente", alerta o sindicato.

Cumpriram também uma hora de greve alguns membros das redacções da Agência Lusa, SIC, SIC Notícias, RTP, Antena 1, Expresso, Visão, Jornal de Negócios, Observador, da revista digital Divergente e do podcast Fumaça, assim como de estações de rádio pertencentes à Bauer Media Group, como a Rádio Comercial e a M80, segundo apurou o PÚBLICO.

Entre os jornais regionais, o Sul Informação anunciou aderir à iniciativa, "de modo a alertar o poder político e a sociedade civil para a situação do sector dos media".

Em vários destes órgãos de comunicação, incluindo no PÚBLICO, o volume de notícias publicado entre as 14h e as 15h foi mais reduzido do que é habitual nesse horário num dia útil. Em alguns casos, como na Agência Lusa e no Sul Informação, a paralisação foi total.

Nelson Garrido
Nelson Garrido
Nelson Garrido
Nelson Garrido
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Nelson Garrido

"A insegurança no emprego, a par com os salários baixos praticados no sector, representa um obstáculo grave ao desenvolvimento da profissão e constitui um entrave ao próprio direito dos cidadãos de serem informados livremente", defende o sindicato. "Um jornalista que não consegue pagar as contas ou ter um mínimo de estabilidade no emprego está mais exposto às pressões de administrações menos escrupulosas e do poder em geral. Isso fere de morte a liberdade de imprensa."

Os protestos dos jornalistas portugueses e dos trabalhadores do GMG acontecem no mesmo dia em que termina o prazo de adesão às rescisões voluntárias apresentado pela administração do grupo, como forma de criticar a intenção de despedir até 200 profissionais nos vários órgãos de comunicação social da empresa.

Os protestos foram convocados pelo Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte e pelo Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT).

"Os sindicatos acreditam que será uma grande manifestação da vontade de mostrar à Comissão Executiva e aos accionistas do GMG o total repúdio pela intenção de dispensar 200 trabalhadores e os efeitos que estes cortes cegos e brutos vão repercutir" nos vários títulos do Global Media Group, diz um comunicado conjunto das estruturas sindicais.

Numa nota de imprensa, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV) também se manifestou solidário com os protestos.

Enquanto as manifestações começavam, em Lisboa e no Porto, e a poucas horas do início dos 60 minutos de greve dos jornalistas, Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, esteve no Parlamento para responder a perguntas dos deputados sobre a reestruturação do GMG e sobre a tentativa da compra pelo Estado das participações do grupo na Lusa.

O governante, que assumiu ser contra um apoio específico ao GMG por receios que ele desvirtue o funcionamento do mercado, contou que o Estado fez uma proposta de 2,53 milhões de euros para adquirir as participações da Global na agência noticiosa portuguesa. Apesar de a venda ter sido proposta pela administração do grupo, o ministro diz ter recebido uma contraproposta onde constava a compra pela GMG, pelo mesmo valor, das participações estatais na Lusa.

A intervenção de Pedro Adão e Silva acontece depois de as direcções demissionárias dos vários meios de comunicação social afectados pela crise no GMG, assim como o presidente do conselho de administração, Marco Galinha, e o presidente da GMG, José Paulo Fafe, também terem sido ouvidos na Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.

No Porto, os jornalistas concentraram-se em frente à antiga sede do Jornal de Notícias, seguindo depois para a Câmara Municipal. Em Lisboa, a concentração aconteceu em frente à Assembleia da República e seguiu para a sede da GMG, nas Torres de Lisboa. "Jornalismo em crise, democracia em risco", lê-se num dos cartazes que contesta a precariedade e a acção do fundo de investimento que assumiu os destinos do grupo em Novembro.

A Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) já abriu um processo administrativo para aplicação da Lei da Transparência, por "fundadas dúvidas" sobre o maior accionista do grupo, o World Opportunity Fund.

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