Patti Smith e João Fiadeiro marcam a agenda do MAC/CCB em 2024

A programação do museu até Março de 2025 inclui ainda uma série de exposições de arquitectura, destacando arquitectos como Marina Tabassum, do Bangladesh, ou o português Raul Hestnes Ferreira.

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Patti Smith na sua passagem pelo festival Vodafone Paredes de Coura, em 2019 PAULO PIMENTA

Uma exposição da artista Patti Smith e uma retrospectiva do corpo de trabalho do coreógrafo João Fiadeiro vão marcar a temporada de exposições do Museu de Arte Contemporânea/Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), em Lisboa, cuja programação foi enviada esta segunda-feira à agência Lusa.

Evidence: Soundwalk Collective & Patti Smith vai dar título à exposição prevista para 22 de Março, que parte de um trabalho realizado entre 2017 e 2020 pelo Soundwalk Collective e pela cantora, compositora, poeta e artista visual Patti Smith. Em conjunto, produziram um álbum triplo intitulado Perfect Vision, retrato das jornadas de três poetas franceses que exploraram a transcendência noutros tantos territórios geográficos: Arthur Rimbaud na então Abissínia (hoje Etiópia), Antonin Artaud na Sierra Tarahumara, no México, e René Daumal, que se dirigiu à fonte do Bhagavad Gita, na sagrada terra da Índia, em busca do Monte Análogo.

"Cada um dos três autores procurou, à sua maneira, lugares que os ajudassem a desaparecer e a transcender a sua própria existência", e foi nestas jornadas metafísicas que se inspirou a composição musical e sonora da trilogia Perfect Vision, ponto de partida desta exposição, com uma instalação sensorial sonora e uma viagem poética pelos textos e pelas visões dos três escritores.

Entre 30 de Abril e 22 de Setembro, será a vez de as galerias do museu e dos espaços de teatro do Centro de Espectáculos do Centro Cultural de Belém (CCB) acolherem uma retrospectiva do corpo de trabalho do coreógrafo e intérprete João Fiadeiro.

Composta por duas partes, João Fiadeiro. Introspectiva terá como eixo curatorial central, durante o mês de Maio, o conceito de "estaleiro", com a montagem da exposição acessível aos visitantes e transformada em happening diário, com apresentações de dispositivos dramatúrgicos e coreográficos, composições em tempo real e improvisações, reencenações, aulas abertas e visitas guiadas.

Num segundo tempo, a partir de 21 de Junho, o visitante terá acesso à exposição Restos, Rastros e Traços, que acolherá "o que ficou para trás das experiências e experimentações produzidas em modo ao vivo" durante a primeira parte do evento, e à exposição I Am (not) Here, desenhada a partir da obra I Am Here de João Fiadeiro, estreada em 2004 no CCB e inspirada no imaginário da artista visual Helena Almeida (1934-2018).

Por fim, este segundo momento contará com uma sala dedicada à exposição de vários objectos criados em colaboração com João Fiadeiro por artistas com quem este se cruzou ao longo dos últimos trinta anos.

Nos espaços Black Box e Pequeno Auditório terá ainda lugar, entre 21 de Junho e 6 de Julho, o programa Dar Corpo, uma selecção de peças do repertório de João Fiadeiro a ser dançada pelo próprio, por artistas convidados e por intérpretes de novas gerações.

Antes, a 11 de Abril, abre a exposição Marina Tabassum. Notícias do Bangladesh, que ficará patente até Setembro, mostrando diversos projectos de edifícios públicos e privados nos quais a arquitecta trabalha desde 1995, primeiro com o Estúdio de Arquitectura Urbana e, desde 2005, através do atelier Marina Tabassum Architects (MTA).

O Museu e Monumento da Independência em Daca, no Bangladesh, é um dos projectos representados nesta mostra, que testemunha também o seu envolvimento em vários projectos destinados aos 1,2 milhões de refugiados rohingya, marginalizados em vários países por questões étnicas e religiosas.

Com curadoria de Vera Simone Bader e André Tavares, a exposição é organizada pelo Architekturmuseum der TUM, em Munique, e pelo Centro de Arquitectura/Garagem Sul do CCB.

A partir de Maio serão apresentadas mais duas exposições de arquitectura naquele espaço: Hestnes Ferreira: forma, matéria, luz e L'Amour Fou. Arte arquitectura.

A primeira visa compreender e situar a arquitectura de Raul Hestnes Ferreira (1931-2018) a partir da documentação em arquivo da Fundação Marques da Silva, numa exposição que apresenta uma selecção de 13 obras realizadas entre o final da década de 1960 e a primeira década do século XXI. Com curadoria de Alexandra Saraiva, Patrícia Bento d'Almeida e Paulo Tormenta Pinto, inclui ainda um itinerário que visa propor "um outro entendimento sobre a singularidade do processo de trabalho e o significado da arquitectura de Hestnes Ferreira".

L'Amour Fou. Arte arquitectura, que se apropria do título da novela de André Breton de 1937, é uma exposição que tem como tema central "os encontros e a sedução dos artistas visuais pela arquitectura, e por vezes também os seus desencontros". Dan Graham, Thomas Schütte, Thomas Struth, Bernd e Hilla Becher, Hiroshi Sugimoto e Marepe são alguns dos artistas representados.

Em Outubro, a partir de dia 15, e até Março de 2025, será a vez de Homo Urbanus. A City-matograhic Odyssey by Bêka & Lemoine, acerca da obra desta dupla de cineastas que, ao longo dos últimos 15 anos, tem vindo a investigar como as pessoas vivem e se relacionam com o espaço das cidades.

Finalmente, a 24 de Outubro inaugura-se uma exposição individual dedicada ao artista norte-americano Fred Sandback (1943-2003), com curadoria de Lilian Tone e a colaboração do Fred Sandback Estate and Archive, que incluirá desenhos e esculturas, algumas delas nunca expostas.

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