Afonso Dias continua a cantar e a contar O Princípio da Igualdade até 2026

Cantor e antigo deputado à Constituinte, Afonso Dias celebra em sessões pelas escolas 50 anos do 25 de Abril e a Constituição daí nascida, até esta fazer 50 anos, em 2026.

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Afonso Dias numa das suas sessões DR

Chamou-lhe O Princípio da Igualdade e é um projecto que o cantor e ex-deputado Afonso Dias conta prosseguir até 2026, quando a Constituição da República Portuguesa completar 50 anos. Fez inúmeras sessões nas escolas e para o novo ano que em breve começa, 2024, quando se assinalam os 25 anos do 25 de Abril, já tem mais 176 sessões marcadas, abrangendo um total de cerca de 8350 alunos. Começa a 19 de Janeiro em Tavira e passa por Loulé, Vila Real de St. António, Vila Franca de Xira, Castro Marim, Santarém, Alcoutim ou São João da Madeira, entre outras localidades.

O projecto, iniciado em 2023, nasce de um outro, criado em 2021 na internet, quando a Constituição fez 45 anos. Chamou-lhe Nascemos para voar e em 34 episódios percorreu vários artigos da Lei Fundamental, acrescentando-lhes sempre um poema e uma canção por eles motivados. O primeiro começava com o preâmbulo da Constituição, seguindo-se-lhe, na voz de Afonso Dias, o poema O sonho, de Sebastião da Gama, e a canção Pedra filosofal, poema de António Gedeão musicado por Manuel Freire. E no último, o 34.º, falava sobre a titularidade e exercício do poder, acrescentando-lhe o poema Pátria, de António Ramos Rosa, e uma canção de sua autoria, Olhar de pássaro.

Nascido em 13 de Agosto de 1949, Afonso Dias iniciou-se na música nos cantos de resistência à ditadura, vindo a ser, após o 25 de Abril, um dos fundadores do GAC, Grupo de Acção Cultural – Vozes na Luta. Nos anos 1975-76 foi deputado à Constituinte, pela UDP, em substituição de Américo Duarte (1942-2023), vindo a votar (favoravelmente) a Constituição aí aprovada – o que lhe valeu, em 14 de Abril de 2016, o título de Deputado Honorário pela Assembleia da República. Substituído no Parlamento por Acácio Barreiros (1948-2004), e extinto o GAC, seguiu uma carreira a solo, lançando em 1979 um primeiro LP, O Que Vale a Pena, ao qual se seguiram muitos outros discos, de música e de poesia, o mais recente dos quais foi o duplo Inventário, lançado em 2021.

Radicado no Algarve desde 1984, fundou em 1999 a Trupe Barlaventina, lançando com ela dois discos (Lendas do País do Sul e O Perfume da Palavra) e inúmeros projectos relacionados com o teatro, a música e a poesia, como os discos Cantando Espalharey (3 CD editados em parceria com a Direcção Regional de Educação do Algarve) e a colecção Selecta, poesia em CD, editada pela Associação Música XXI e da Bons Ofícios - Associação Cultural, por onde passaram poetas da Lusofonia (edição integrada na comemoração do 10.° aniversário da CPLP) e poemas de António Gedeão, Fernando Pessoa ortónimo e os heterónimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, Sebastião da Gama, Natália Correia, Miguel Torga, Cesário Verde e António Aleixo.

As sessões de O Princípio da Igualdade, cruzando didactismo e cidadania num formato de recital, contam estender-se até 2026, ano em que a Constituição da República Portuguesa (que já soma sete revisões, feitas em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001, 2004 e 2005) completará 50 anos.

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