Kanye West pede desculpa por comentários anti-semitas com mensagem em hebraico

O rapper norte-americano pediu desculpa por ter elogiado Hitler e defendido o genocídio dos judeus. “O vosso perdão é importante para mim e estou empenhado em fazer as pazes”, escreveu.

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A mensagem de Kanye West foi publicada nesta terça-feira no Instagram Reuters/DANNY MOLOSHOK

Já passou mais de um ano desde que Kanye West, agora conhecido por Ye, caiu em desgraça na sequência de vários comportamentos erráticos, incluindo linguagem anti-semita. Agora o rapper veio a público pedir desculpa à comunidade judaica com uma mensagem escrita em hebraico. “Não foi minha intenção magoar ou rebaixar [ninguém], e lamento profundamente qualquer dor que possa ter causado”, escreveu no Instagram.

Na conta de Instagram, onde é seguido por mais de 18 milhões de pessoas, a única publicação visível de Ye é a mensagem em hebraico com mais de 851 mil gostos. Além de pedir “sinceramente desculpa à comunidade judaica”, compromete-se a mudar. “Estou comprometido (...) a aprender com esta experiência para garantir uma maior sensibilidade e compreensão no futuro.” E apelou ainda: “O vosso perdão é importante para mim e estou empenhado em fazer as pazes e promover a unidade.”

A queda de Ye começou em Setembro do ano passado, quando no desfile da Semana da Moda de Paris, apareceu com uma camisola em cujas costas se podia ler “White Lives Matter” (as vidas dos brancos importam)​, o slogan nascido em 2015 como resposta ao movimento Black Lives Matter (BLM) e, entretanto, adoptado por grupos supremacistas brancos.

No mês seguinte, seguiram-se uma série de comportamentos erráticos, incluindo uma publicação no Twitter na qual elogiava Adolf Hitler e defendia o genocídio do povo judeu. Entre outras publicações já famosas, destaca-se a afirmação de que a escravatura “foi uma escolha” ou a imagem de uma suástica, símbolo nazi, entrelaçada com uma estrela de David, símbolo judaico.

As posições anti-semitas intensificaram-se em Dezembro do ano passado quando deu uma entrevista a Alex Jones, um activista de extrema-direita e elogiava novamente o líder dos nazis. “Todos os seres humanos têm algo de valor que trouxeram para a mesa, especialmente Hitler... [Os nazis] também fizeram coisas boas... Há muitas coisas que adoro em Hitler.”

São posições que não só lhe custaram o respeito do meio musical, como muito milhões de dólares em negócios: a Adidas cortou relações com o artista após uma parceira de quase uma década com a submarca Yezzy, bem como a Gap e a Balenciaga.

Nas redes sociais, as suas contas foram suspensas por diversas vezes e o Presidente norte-americano, Joe Biden, esteve entre as personalidades que condenaram as acções de West, ainda que sem mencionar o artista directamente. “O Holocausto aconteceu. Hitler era uma figura demoníaca”, escreveu Biden no Twitter.

Recentemente, o CEO da Adidas, Bjorn Gulden, esclareceu a polémica com o rapper. O artista, defendeu, não pretendia que as publicações fossem interpretadas como anti-semitas. “Não creio que ele estivesse a falar a sério e não acho que seja má pessoa — apenas foi o que pareceu.” Gulden ainda elogiou Ye como “uma das pessoas mais criativas do mundo, tanto na música como no que chamo a cultura urbana”.

É esperado o lançamento do novo álbum de West, intitulado Vultures, a 12 de Janeiro, que incluiu uma colaboração com a filha North, fruto do casamento com a empresária Kim Kardashian, que se tem mantido em silêncio perante as polémicas. Kanye e Kim têm quatro filhos: North, Saint, Chicago e Psalm.

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