Raimundo faz acordo com PS se forem viabilizados projectos laborais do PCP

Para o líder comunista, os socialistas têm, nas votações sobre leis laborais, uma “boa oportunidade para clarificar quais os caminhos que cada um quer”, o que “condiciona aquilo o que vai ser amanhã”.

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Paulo Raimundo, líder do PCP, lança desafio ao PS LUSA/FILIPE AMORIM

O secretário-geral do PCP admitiu esta quarta-feira iniciar de imediato as negociações para um acordo com o PS se os socialistas viabilizarem os projectos de alteração da legislação laboral que serão debatidos esta tarde na Assembleia Da República.

"Fecho acordo hoje [quarta-feira] se o Partido Socialista acompanhar as nossas propostas na Assembleia da República. Vamos ver qual é a posição do Partido Socialista sobre isso, hoje, essa é a grande questão, o resto é só para a gente andar aqui a fazer cenários que não têm consequência nenhuma na vida das pessoas", afirmou Paulo Raimundo aos jornalistas no Carregado.

O PCP apresenta esta quarta-feira no Parlamento quatro projectos de alteração da legislação laboral, nomeadamente em matéria de contratação colectiva, regulamentação do trabalho por turnos e valorização de quem trabalha por turnos e o fim dos cortes às horas extraordinárias "feitos pelo Governo PSD/CDS-PP que o Governo socialista não quis repor".

"O que eu ouvi das declarações de Pedro Nuno Santos ainda durante a campanha eleitoral do Partido Socialista foi que devíamos manter estabilidade na legislação laboral, o que significa instabilidade da vida destas pessoas, essa que é a grande questão e, portanto, hoje é uma boa oportunidade para clarificar quais são os caminhos que cada um quer e a resposta condiciona aquilo o que vai ser amanhã", disse.

Para o líder comunista, "o Partido Socialista é só um e não vale a pena pensar que vem daí alguma solução para as nossas vidas".

À falta de expectativas de mudança de políticas com o novo líder do PS, Pedro Nuno Santos, Paulo Raimundo pediu o reforço da votação do PCP nas eleições legislativas de 10 de Março, alegando que "isso é que vai condicionar" as decisões do país também nos aspectos do trabalho suplementar.

O secretário-geral do PCP falava à margem dos contactos que teve esta quarta-feira com trabalhadores à porta da empresa Matutano, no concelho de Alenquer, no distrito de Lisboa.

Para o PCP, a Matutano é o caso de uma empresa em que o trabalho por turnos deveria ser valorizado e levado "aos mínimos indispensáveis". Raimundo alertou que há sectores da empresa em que não se justifica a laboração contínua.

Marcos Rebocho, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Alimentar, explicou aos jornalistas que, com a laboração contínua, os 350 trabalhadores não chegam a descansar dois dias por semana.

A desvalorização salarial na empresa fez também com que os trabalhadores tenham vencimentos à beira do salário mínimo, acrescentou.

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