Coreia do Norte diz ter colocado em órbita o seu primeiro satélite espião

Lançamento foi condenado por EUA, Coreia do Sul e Japão como uma violação de resoluções internacionais.

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Imagem divulgada pela agência estatal KCNA mostra Kim Jong-un na base a partir da qual foi lançado o satélite Reuters/KCNA

A Coreia do Norte anunciou esta terça-feira ter colocado em órbita, com sucesso, o seu primeiro satélite espião e prometeu mais lançamentos num futuro próximo, suscitando condenação por parte dos Estados Unidos e dos seus aliados na região.

A agência de notícias estatal KCNA noticiou que o satélite Malligyong-1 entrou em órbita às 22h54 locais de terça-feira (13h54 em Lisboa).

Pyongyang já tinha avisado o Japão que planeava realizar o lançamento de um foguetão até ao dia 1 de Dezembro. Este é o primeiro lançamento desde o encontro entre Kim Jong-un e o Presidente russo, Vladimir Putin, em Setembro. No início do ano, Pyongyang tinha tentado, sem sucesso, colocar dois satélites em órbita.

Coreia do Sul e Japão condenaram lançamento

Na sequência do lançamento do satélite norte-coreano, a Coreia do Sul anunciou que irá tomar medidas para suspender partes de um acordo assinado em 2018 que visava reduzir as tensões militares entre os dois países, informou a agência de notícias Yonhap.

A Yonhap citou uma declaração do Conselho de Segurança Nacional sul-coreano, na qual o Governo diz que as medidas passam pela retoma das operações de reconhecimento e vigilância na área em torno da fronteira militar que separa os dois países.

Em declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, afirmou que o lançamento da Coreia do Norte foi uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e uma ameaça à segurança dos cidadãos japoneses.

“Apresentamos um protesto severo e condenamos a Coreia do Norte nos termos mais fortes”, disse. Anteriormente, Kishida tinha dito que os sistemas de defesa do seu país estavam prontos para qualquer "situação inesperada" que surgisse. O Japão não tomou medidas para destruir o satélite.

Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, descreveu o lançamento como sendo “uma violação descarada de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança da ONU”. Watson afirmou ainda que este episódio contribuirá para o “aumento das tensões e corre o risco de desestabilizar a situação de segurança na região”.

As autoridades sul-coreanas disseram ainda que Pyongyang poderá ter recebido assistência técnica de Moscovo, no âmbito de uma parceria cada vez mais próxima entre os dois países. A Rússia e a Coreia do Norte negaram a existência de acordos militares, mas reforçaram a ideia de que vão continuar a trabalhar para uma cooperação mais profunda.

Coreia do Sul diz que lançar "satélites de reconhecimento é um direito legítimo"

A KCNA sublinha que o lançamento, testemunhado por Kim Jong-un, acontece uma semana antes de a Coreia do Sul tentar lançar o seu primeiro satélite espião num rocket Falcon 9, operado pela empresa norte-americana Space X.

A agência espacial da Coreia do Norte pretende enviar vários satélites espiões num futuro próximo para continuar a garantir as suas capacidades de vigilância sobre a Coreia do Sul e outras regiões de interesse para as forças armadas norte-coreanas, diz a agência noticiosa estatal de Pyongyang.

"O lançamento de um satélite de reconhecimento é um direito legítimo [da Coreia do Norte] para fortalecer as suas capacidades de defesa", disse a KCNA, indicando a necessidade de fortalecer a capacidade de reacção a "movimentos militares perigosos" dos seus "inimigos".

Marco Langbroek, especialista em satélites da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, disse que embora outros satélites “de observação” lançados pela Coreia do Norte tenham sido colocados em órbita em 2012 e 2016 - e destruídos este ano -, não se sabe se alguma vez estiveram a funcionar. Mas os analistas dizem que mesmo um sistema de satélites rudimentar poderia conferir à Coreia do Norte a capacidade de monitorizar remotamente as tropas norte-americanas, sul-coreanas e japonesas na região.

Os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão ainda não conseguiram determinar se o satélite agora lançado se encontra em estado operacional.

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