Festival Literário de Ovar: onde os leitores são os verdadeiros protagonistas

Realiza-se mais um encontro em que “a ideia de convívio prevalece”. Vários equipamentos e espaços ao ar livre acolhem quem gosta de leitura. Também há música, com A Garota Não e Luxúria Canibal.

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O Festival Literário de Ovar aposta nos leitores mais novos DR
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Sessão de apresentação do Festival Literário de Ovar 2023. Da esq. para a dir., Carlos Nuno Granja (organizador do FLO), Salvador Malheiro (presidente da Câmara de Ovar) e Pedro Ribeiro da Silva (escritor) DR
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Na sessão de apresentação do FLO, também foi lançado o livro A Cidade dos Dias Desacontecidos, de Pedro Ribeiro da Silva DR
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Primeira Mesa desta edição do festival, com José Luiz Tavares e Carlos Tê, moderados por Bruno Henriques DR
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O Festival Literário de Ovar decorre até domingo, dia 17 de Setembro DR
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O Festival Literário de Ovar (FLO) arrancou nesta quarta-feira e prolonga-se até domingo, dia 17 de Setembro. Aposta nos mais novos, mas também nos outros, num “encontro de proximidade entre livros, escritores e leitores”.

O professor e escritor Carlos Nuno Granja, que organiza o festival, descreve assim o encontro: “Temos um ambiente familiar e informal, é neste conceito que ele se baseia desde a sua primeira edição e que o torna diferenciador. A ideia de convívio prevalece, onde as pessoas são convidadas a participar e a partilhar. O FLO representa a leitura no seu modelo pleno, cabem todos e todos são bem acolhidos.”

Por isso, quando se lhe pede que crie uma espécie de slogan que seduza potenciais participantes, diz: “Venham ao FLO porque é onde a magia se transforma em realidade: os leitores é que são os verdadeiros protagonistas.”

Não tendo especificamente um público-alvo, apostam “muito nos mais novos, nos que estão na primeira fase da leitura, de apreender o gosto por ler. Temos na sexta à tarde (dia 15), no sábado e no domingo (16 e 17 de Setembro), durante cada dia, manhã e tarde, actividades para as crianças, desde oficinas de ilustração, a sessões de conto e apresentações de livros”, diz ao PÚBLICO o também editor e livreiro da Doninha Ternurenta.

“Este ano acrescentámos o sábado à tarde e tudo acontece em diferentes espaços ao ar livre (algo que me parece ser único em contexto de festivais literários)”, completa.

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Muitas actividades do Festival Literário de Ovar realizam-se ao ar livre DR

Não querendo fazer disso “uma bandeira”, a Carlos Nuno Granja agrada “conseguir mais de 50% de mulheres escritoras no total de convidados”, entre elas, Filipa Martins, Cristina Carvalho, Tânia Ganho, Sara Rodi. Também gosta “da diversidade do programa e do seu desenvolvimento em torno da oferta para todas as faixas etárias”.

O autor de livros para crianças e também de poesia diz que este “é um ano de consolidação” e até atribuiu um neologismo à 9.ª edição do FLO, “flonovar”. “Estamos a ‘flonovar’ e a espalhar a magia da leitura e o gosto pelos livros. Agrada-nos a nossa forma de acolher, de tratar bem, de receber quem nos visita como se pertencesse à nossa comunidade, com valores, afectos, abraços e sorrisos. Temos muito orgulho na criação dessa proximidade. Quem vem passa a ter uma amizade para a vida.”

Para as exposições, apresentações de livros, conversas, oficinas, performances, formações e concertos, o festival conta com um orçamento “que ronda os 70 mil euros. É um investimento da Câmara Municipal de Ovar e tem vindo a ser uma aposta forte a cada ano que passa”.

O propósito é o de “fazer do FLO um evento literário de cariz nacional e internacional, sem descurar o nosso lado independente e genuíno, qualidades que definem a nossa comunidade”, diz. E acrescenta: “Queremos afirmar ainda mais a marca FLO, que projecta a cidade e o concelho e que se situa também como um evento emblemático da nossa identidade.”

Para Carlos Nuno Granja, o que distingue este festival literário de vários outros que se vão fazendo pelo país é o facto de ser “diversificado, diferenciador, informal, familiar e genuíno”. Diz ainda: “Assenta o seu crescimento na humildade da vida e na importância da leitura. O livro é o elemento central e o leitor o seu transmissor fundamental. No FLO, fazemos para que a partilha aconteça, onde todos têm algo a aprender e ao mesmo tempo têm algo a ensinar.”

Ainda que “com dificuldades, com menos recursos relativamente a outros eventos literários, o caminho que tem sido feito vem carregado de desafio e paixão”.

Poesia dita e cantada

Os ovarenses vão aderindo ao encontro, que este ano se realiza na Biblioteca Municipal de Ovar, no Parque Urbano, na Escola de Artes e Ofícios, no Parque Ambiental do Buçaquinho, no Jardim dos Gansos, no Museu Júlio Dinis, no Centro de Arte, no Museu de Ovar e na Praça das Galinhas. Estarão presentes 68 escritores, haverá nove mesas de conversas, quatro performances/espectáculos, seis oficinas e 13 apresentações de livros.

“As pessoas de Ovar que gostam de ler estão presentes e procuram participar com muita dedicação. Gosto de destacar as famílias que participam com os seus filhos e noto que gostam também de incentivar para a leitura. Isso tem muito significado. Por outro lado, temos pessoas que vêm de outras cidades e que já são reincidentes. Portanto, o FLO tem vindo a consolidar-se, sem qualquer dúvida”, conclui o organizador.

Destaque ainda para as Jornadas Literárias, uma formação de dois dias creditada para professores, com os formadores Mariana Rio, Joana Rita Sousa, Rita Basílio e Bruno Batista, coordenados por Carlos Nuno Granja e José Saro. A acção de formação, de inscrição obrigatória, está certificada, para efeitos de progressão da carreira de professores, pelo Centro de Formação Intermunicipal de Estarreja, Murtosa e Ovar. Decorre na quinta e sexta-feira.

Porque os autores também podem ser cantados e ditos em voz alta, os participantes terão oportunidade de assistir, entre vários espectáculos, à performance dos Lisbon Poetry Orchestra — Os Surrealistas. Adolfo Luxúria Canibal e A Garota Não (voz), Tó Trips (guitarra eléctrica), Fred Ferreira (bateria, percussões, teclados) juntam-se ao grupo e darão voz e som aos poemas de Alexandre O’Neill, António José Forte, António Maria Lisboa, Carlos Eurico da Costa, Fernando Lemos, Mário Cesariny, Mário-Henrique Leiria, Pedro Oom. No sábado, às 22h30, no Centro de Arte de Ovar.

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