Prémio Oceanos divulga os 41 semifinalistas nas categorias de prosa e poesia

João Tordo, José Luís Peixoto, Lídia Jorge, Joana Bértholo, Julián Fuks ou Maria do Rosário Pedreira estão entre os semifinalistas do prémio de literatura em língua portuguesa.

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O escritor português João Tordo é um dos 41 semifinalistas do Prémio Oceanos daniel rocha
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Foram divulgados os semifinalistas do Oceanos – Prémio de Literatura em Língua Portuguesa. No ano em que, pela primeira vez, o prémio distinguirá dois vencedores, são 41 os candidatos (21 na categoria poesia, 20 em prosa/dramaturgia). Entre eles, encontramos João Tordo, José Luís Peixoto, Carola Saavedra, Joana Bértholo, Lídia Jorge, Mário Lúcio Sousa, Julián Fuks ou Cristovão Tezza, na prosa, e Maria do Rosário Pedreira, Andreia C. Faria, Claudia Roquette-Pinto, Ricardo Aleixo, Edmilson de Almeida Pereira, Pedro Eiras ou Ricardo Aleixo, na poesia.

Se, na prosa, se regista um equilíbrio entre autores portugueses (oito) e brasileiros (nove), a que se juntam dois autores cabo-verdianos e um moçambicano, na poesia são do Brasil a maioria dos candidatos (15, perante seis portugueses). No comunicado enviado à imprensa, os responsáveis pela administração do prémio, a Associação Oceanos e o Itaú Cultural, notam ainda a “prevalência” do romance na categoria prosa, “ante dois livros de crónicas e nenhum de contos ou dramaturgia”.

Os 41 semifinalistas, emergindo de um total de 2654 livros inscritos, foram seleccionados por 159 jurados de cinco nacionalidades, Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal. Os cinco finalistas em cada uma das categorias serão conhecidos no final de Outubro. A sua escolha será da responsabilidade de um júri composto, para a prosa, por Ana Paula Maia, Carlos Reis, Francisco Noa, Michael Laub e Regina Zilberman, e, na poesia, por André Capilé, Annita Costa Malufe, Antonio Carlos Secchin, Joana Matos Frias e Veronica Stigger.

Linguagens

Em Março, quando foi conhecida a decisão de, pela primeira vez, dividir o Oceanos em duas categorias, o curador brasileiro do prémio, Manuel da Costa Pinto, justificou como natural a divisão entre prosa e poesia. “Após vários anos durante os quais livros de diferentes géneros concorriam entre si, esta decisão decorre de uma percepção, consensual na teoria literária, de que a criação poética aponta para um trabalho formal diferente daquele que encontramos nas demais linguagens", afirmou, citado pela Lusa.

Nessa altura foi também revelada uma outra alteração, neste caso relacionada com o valor do prémio. Até ao ano passado, este era de 250 mil reais (cerca de 47,5 mil euros), distribuídos pelos três primeiros classificados. Em 2023, o valor total passa a 300 mil reais (cerca de 54 mil euros), divididos entre os vencedores das duas categorias em que o Oceanos agora se dividirá.

Em 2022, a vencedora do prémio foi a escritora e jornalista portuguesa Alexandra Lucas Coelho, com Líbano, Labirinto. O segundo lugar foi para o escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho, por Museu da Revolução, e o terceiro para a escritora brasileira Micheliny Verunschk, com O Som do Rugido da Onça.

O ano passado o anúncio do prémio teve lugar em Moçambique. A cerimónia de anúncio dos vencedores regressará agora ao Brasil, país que a acolheu pela última vez em 2019. Em 2020, a pandemia levou a que fosse remetida ao online e, em 2021, aconteceu em Portugal.

Premiando obras em língua portuguesa, editadas em qualquer lugar do mundo no ano anterior à sua atribuição (no caso presente, entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2022), o Oceanos distinguiu desde a sua fundação em 2003, então circunscrito a autores brasileiros (alargou-se a todos os autores em língua portuguesa em 2007), Bernardo Carvalho, Gonçalo M. Tavares, Chico Buarque, Cristovão Tezza, Nuno Ramos, Valter Hugo Mãe, Sérgio Rodrigues, Ana Teresa Pereira ou Djaimilia Pereira de Almeida.

Deixamos abaixo a lista completa dos semifinalistas da edição 2023:

Poesia

Canina, de Andreia C. Faria (Edições Tinta-da-china)

Arranjos vazios para letras cheias, de Clara Delgado (Urutau)

Alma corsária, de Claudia Roquette-Pinto (Editora 34)

O pai do artista, de Daniel Arelli (Círculo de poemas - Luna Parque e Fósforo)

Uma mulher só não faz verão, de Daniela Rezende (Urutau)

A vida não funciona como um relógio, de Edimilson de Almeida Pereira (Quelônio)

Barro rebelado, de Evandro Camperom (Editora Patuá)

Engenheiro fantasma, de Fabrício Corsaletti (Grupo Companhia das Letras)

Entre costas duplicadas desce um rio, de Guilherme Gontijo Flores (Ars et Vita)

Os campos calcinados, de Iacyr Anderson Freitas (Faria e Silva Editora)

Ultramarino, de Januário Esteves (Cordel de Prata)

Nem só de amor vive Afrodite, de Julia Peccini (Casa Philos)

Lagar de fala, de Júlio Machado (Urutau)

O meu corpo humano, de Maria do Rosário Pedreira (Quetzal Editores)

Istmo, de Nathália Lima (Urutau)

O itinerário do curativo, de Nicolas Behr (Editora Reformatório)

Paraíso, de Pedro Eiras (Porto Editora)

O gosto amargo dos metais, de Prisca Agustoni (7Letras)

Diário da Encruza, de Ricardo Aleixo (Editora Segundo Selo)

Firmamento, de Rui Lage (Porto Editora)

Adriano, de Tatiana Faia (Não (edições))

Prosa

Para os que ficam, de Alex Andrade (Confraria do vento)

O manto da noite, de Carola Saavedra (Grupo Companhia das Letras)

Beatriz e o poeta, de Cristovão Tezza (Todavia)

Vou sumir quando a vela se apagar, de Diogo Bercito (Editora Intrínseca)

Matoa, a febre do batuque, de Hélder Muteia (Alcance Editores)

Um cão no meio do caminho, de Isabela Figueiredo (Editorial Caminho e Todavia)

A História de Roma, de Joana Bértholo (Editorial Caminho)

Naufrágio, de João Tordo (Companhia das Letras)

Siríaco e mister Charles, de Joaquim Arena (Quetzal Editores)

Quando éramos peixes, de José Gardeazabal (Companhia das Letras)

Somos a primeira pessoa do plural, de José Luís Peixoto (Editorial Fundza)

Lembremos do futuro, de Julián Fuks (Grupo Companhia das Letras)

Misericórdia, de Lídia Jorge (Dom Quixote)

Vinco, de Manoela Sawitzki (Grupo Companhia das Letras)

A última lua de homem grande, de Mário Lúcio Sousa (Grupo LeYa)

Com meus dentes de cão, de Paulo Paniago (Letramento)

A história invisível, de Sofia Nestrovski (Editora Fósforo)

Três mulheres no beiral, de Susana Piedade (Grupo LeYa)

O que pesa no Norte, de Tiago Germano (Moinhos)

Vertigens, de Valentina Silva Ferreira (Infinito Particular)

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