Palcos da semana: da cabeça de Caetano a uma BoCA cheia de artes

Ao regresso de Caetano Veloso com Meu Coco e à bienal de artes contemporâneas juntam-se Artes à Rua em Évora, As Areias do Imperador nas tábuas e sessões de Jazz em Monserrate.

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Caetano Veloso dá cinco concertos com um celebrado novo álbum Fernando Young/Divulgacão
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Oumou Sangaré é uma das vozes a escutar no Artes à Rua, em Évora Holly Whittaker
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Victor de Oliveira estreia a peça As Areias do Imperador DR
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Paul B. Preciado, um dos convidados da BoCA Catherine Opies
Parque e Palácio de Monserrate
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O Jazz em Monserrate regressa a Sintra PSML/Atelier Obscura
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Da cabeça de Caetano

Como compor uma obra-prima aos 79 anos? Pergunte a Caetano Veloso. Tinha essa idade quando, em 2021, conseguiu sublimar-se em Meu Coco, o primeiro disco de originais em nove anos e sucessor do não menos celebrado Abraçaço. É para o mostrar que o icónico músico brasileiro regressa a Portugal, já com 81 cumpridos, para cinco datas.

As canções mais antigas não vão faltar à chamada. “Procuro juntar peças marcantes do álbum com obras que registem momentos históricos do meu trabalho”, garante Caetano. E “com o carácter de roteiro quase cinematográfico que nunca me abandona quando projecto um espectáculo”, acrescenta.

Évora cheia de mundo

Livremente, com vagar e tendo em mente a descolonização do pensamento e a igualdade de género. É nestes moldes que as ruas, praças e jardins de Évora se voltam a encher de Artes à Rua.

Neste festival, tanto se podem encontrar Gigabombos em desfile pela cidade como participar numa oficina de arte rupestre com um arqueólogo, entrar numa conversa sobre os direitos da comunidade LGBTIQA+, assistir a um Manifesto Funesto em forma de ópera electrónica ou parar para escutar aquela que muitos consideram a maior voz africana, a maliana Oumou Sangaré.

Celina da Piedade, Nancy Vieira, Pedro Mafama, Duarte, Mallu Magalhães, Batida, Puta da Silva e Monda são outros agitadores convidados. Fazem parte do lote de 280 artistas, oriundos de dez países, que esta quinta edição acolhe.

Como visibilidade para a BoCA

A BoCA já chegou e traz um Presente Invisível a Lisboa e Faro. No tema da quarta edição da bienal de artes contemporâneas cabe todo o tipo de espectáculo e local. E cabem também os desejos do programador, John Romão: diluir fronteiras, desacelerar, dar visibilidade ao que tem ficado à margem, destacar o não-normativo.

Daí que convoque o filósofo transgénero Paul B. Preciado para revelar novidades artísticas. Ou o encenador Marcus Lindeen para questionar identidades. Ou Gabriel Chaile para assinar uma grande instalação de tributo a Alcindo Monteiro.

Ou ainda a voz de Odete a evocar os castrati, a estreia teatral de Agnieszka Polska, Um pequeno Exercício de Composição de Vera Mantero e Teresa Silva, a manifestação Em Voz Alta de António Poppe, a primeira ópera de Pedro Alves Sousa, um Concerto de Tiago Cadete sobre migrantes e Marina Herlop a envolver espaços patrimoniais na sua música, entre muitos outros momentos.

De volta a Moçambique

Colonialismo, guerras políticas e a história de amor impossível entre um militar português e uma jovem moçambicana. Tudo se passa em finais do século XIX, em pleno reinado de Ngungunyane. É a ele que alude o título da peça que está prestes a estrear-se. As Areias do Imperador vai buscar nome e inspiração à premiada trilogia do escritor Mia Couto, composta por Mulheres de Cinza, A Espada e a Azagaia e O Bebedor de Horizontes.

Para o encenador Victor de Oliveira, português nascido em Maputo, é um regresso à história do seu país, que deixou ainda criança, durante a guerra. Aliás, mais um: tem vindo a explorar estas questões em espectáculos como Limbo ou Incêndios.

Neste caso, o passado apresenta-se como “uma raiz viva e plural”, nota a sinopse, “porque as memórias e os esquecimentos são múltiplos, sejam eles contados pelos vencedores ou pelos vencidos”. Para a levar à cena, conta com um elenco de 15 actores de três nacionalidades: portugueses, moçambicanos e franceses.

Notas para relaxar

A rentrée está à porta. Se é para fazer as despedidas do Verão, que seja a relaxar entre o património e a natureza, com jazz e derivados como banda sonora. É esta a proposta da Parques de Sintra, que torna a organizar o Jazz em Monserrate e que o estende a seis dias nesta segunda edição.

Maria João, Carlos Bica, Bernardo Moreira, Cristina Branco, Adolfo Luxúria Canibal, Carlos Barretto, Filipe Melo e Beatriz Batarda estão entre os mais de 40 artistas alinhados para um total de 13 eventos. Os concertos dominam o cartaz, mas também há lugar para spoken word e filmes musicados.

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