Tribunal romeno liberta influencer Andrew Tate da prisão domiciliária

Tate está acusado, juntamente com o seu irmão Tristan e duas mulheres romenas, de tráfico de seres humanos, violação e formação de grupo criminoso para explorar sexualmente mulheres.

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Andrew Tate e o seu advogado, após uma audiência em tribunal, a 17 de Julho Reuters/INQUAM PHOTOS/Alexandru Busca/arquivo

Um tribunal de Bucareste decidiu, na sexta-feira, libertar Andrew Tate da prisão domiciliária, deliberando que o influenciador digital, acusado de tráfico de seres humanos, vai poder aguardar julgamento em liberdade.

Tate foi acusado em Junho, juntamente com o seu irmão Tristan e duas mulheres romenas, de tráfico de seres humanos, violação e formação de um grupo criminoso para explorar sexualmente mulheres. Os suspeitos negaram as acusações.

De acordo com a lei romena, o caso está agora na câmara preliminar do tribunal de Bucareste, onde um juiz tem 60 dias para estudar os documentos do caso para garantir a legalidade. O julgamento só terá início quando esse processo estiver concluído.

Enquanto isso, nesta sexta-feira, o Tribunal de Recurso de Bucareste declarou, numa decisão escrita, que “substitui a medida de prisão domiciliária pela de controlo judicial por um período de 60 dias, de 4 de Agosto a 2 de Outubro”.

De acordo com a nova medida, os quatro suspeitos podem sair de casa, mas não da capital do país, Bucareste, nem dos arredores do condado de Ilfov, sendo obrigados a apresentarem-se regularmente à polícia. Estão igualmente proibidos de tentar aproximar-se das vítimas.

Os irmãos Tate, que têm dupla nacionalidade, norte-americana e britânica, estavam em prisão domiciliária desde 1 de Abril, enquanto se aguarda uma investigação sobre os abusos cometidos contra sete mulheres, que o Ministério Público diz terem sido aliciadas através de falsas alegações de relacionamento, depois de terem permanecido sob custódia policial durante mais de três meses.

Andrew Tate, um antigo campeão de kickboxing, é conhecido pelas suas ideias misóginas (é o próprio que o afirma), tendo se tornado um guru de auto-ajuda para homens. Entre outras coisas, defende que as mulheres são propriedade dos maridos e deveriam “ter filhos, ficar em casa, estar caladas e fazer café”.

Sobre relacionamentos com mulheres, Tate chegou a afirmar que “não se pode ser responsável por um cão se este não te obedece”, declarando que não hesitaria em atacar uma mulher que tecesse acusações contra si. Num dos vídeos aconselhava os seus seguidores a “esbofetear, esbofetear, agarrar, sufocar” mulheres no quarto; noutro observou que preferia sair com jovens de 18 e 19 anos porque é mais fácil deixar uma “marca” nelas.

Os conteúdos das suas redes sociais acabaram por determinar a suspensão das suas contas.

Na altura, um representante do TikTok, numa declaração ao The Washington Post, explicou que a conta de Tate foi retirada por violar as políticas da empresa que proíbem “conteúdos que atacam, ameaçam, incitam à violência, ou de outra forma desumanizam um indivíduo ou um grupo” com base em atributos que incluem o género. A Meta disse que tinha removido as contas oficiais de Tate no Facebook e Instagram, apontando para políticas contra organizações e indivíduos perigosos.

O influenciador, por seu turno, diz tem que as suas afirmações são retiradas do contexto e, numa entrevista à BBC, defendeu só querer o bem para o mundo: “Estou a apregoar o trabalho duro, a disciplina. Sou um atleta, defendo as políticas antidroga, a religião, a abstinência de álcool e a ausência de armas. Sou contra todos os problemas da sociedade moderna.”

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