São Luiz: nova temporada tem teatro, ópera, música e A Boémia de um Cabaret Sonoro

É a primeira temporada sob a direcção artística de Miguel Loureiro, mas ainda “maioritariamente desenhada” pela sua antecessora, Aida Tavares.

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"A Boémia de um Cabaret Sonoro", de Suzie and the Boys cláudia batalhão/ cortesia Teatro São Luiz

O Teatro São Luiz, em Lisboa, abre a temporada a 2 de Setembro com A Boémia de um Cabaret Sonoro, prossegue com teatro, ópera, música, cinema e envolve criadores e estruturas como Vítor Rua, Tiago Correia e Cátia Pinheiro.

A estreia da ópera A Tempestade, de Jean Sibelius, sobre o texto de William Shakespeare, com encenação de António Pires, é a primeira de uma programação anunciada pelo teatro, a cumprir até ao final de Dezembro, que também inclui novas produções das companhias Artistas Unidos, Teatro Praga, Cão Solteiro, que acolhe espectáculos de A Turma e do festival Alkantara, e homenageia Pedro Gonçalves (1970-2021), dos Dead Combo, com o concerto Um Olhar Que Era Só Teu, em que participam mais de duas dezenas de músicos.

A Boémia de um Cabaret Sonoro, de Suzie and the Boys, é um concerto "num ambiente de blues, ritmos latinos, mambo, swing e rock and roll", protagonizado por Miss Suzie e "uma pequena orquestra" de oito músicos vindos de projectos como Irmãos Catita, Cool Hipnoise, Ena Pá 2000, Terrakota, X-Wife, Cais Sodre Funk Connection, Farra Fanfarra e Tora Tora Big Band, entre outros.

Na abertura da temporada, também haverá Zabra Soundscapes, do artista João Pedro Fonseca e do DJ Manuel Bogalheiro, projecto conjunto que se assume como "movimento artístico com espaço dedicado à experimentação e investigação".

A 7 de Setembro, é feita a antestreia da ópera filmada virino kaj naturo # _ (título original em esperanto de Mulher e Natureza), com música de Vítor Rua e libreto de Ilda Teresa Castro; uma ópera "ecofeminista e ecomulherista", que faz uma aproximação aos movimentos Black Feminism e Black Lives Matter, liderados por mulheres afro-americanas.

A estreia portuguesa de A Tempestade acontece a 13 de Setembro e fica em cena durante uma semana. A produção reúne a companhia do National Operetta Theatre de Kiev, a Orquestra Metropolitana de Lisboa e o projecto participativo Coro do Festival de Verão.

A montagem evoca a mensagem de Shakespeare e coloca-a no "momento que a humanidade atravessa, com uma sangrenta guerra a acontecer em plena Europa", tomando as palavras de Próspero, com mais de 400 anos, como "tema central": "Só o perdão e a redenção podem veicular um futuro e uma ideia de continuidade."

Um Olhar Que Era Só Teu - A Música dos Dead Combo, concerto que não é "nem uma celebração, nem uma despedida", acontece a 28 de Setembro, lembrando Pedro Gonçalves e, além de Tó Trips, a outra metade do duo, reúne mais de 20 músicos como Aldina Duarte, Alexandre Frazão, Filipe Melo, Gaspar Varela, Mário Delgado, Nuno Rafael e Peixe.

O Salto, de Tiago Correia, com a companhia A Turma, fica em cena de 4 a 8 Outubro. A peça resulta da investigação sobre a emigração portuguesa dos anos de 1960, parte de testemunhos reais, e tem o objectivo de "levantar o véu a um período da história" que "se mantém tabu, pela miséria e obscurantismo em que se vivia, pela opressão da ditadura ou porque invoca o tema dissidente da deserção da guerra colonial."

O São Luiz acolherá ainda as estreias de Europa, de David Greig, pelos Artistas Unidos, com encenação de Pedro Carraca, em Outubro; Abstract, de Cão Solteiro e Vasco Araújo, em Novembro; e Bravo 2023!, do Teatro Praga, que encerra Dezembro. Cátia Pinheiro apresentará Carta à Matilde, em Setembro.

Em Outubro, o ciclo Topografias Imaginárias - Do punk ao near silence, do Arquivo Municipal De Lisboa - Videoteca, mapeia "o encontro entre cinema, música e Lisboa", com filmes de Edgar Pêra, Nuno Calado e David Francisco, Ricardo Espírito Santo, Nuno Duarte e Nuno Galopim, atravessando universos de músicos e bandas como Censurados, Pop Dell'Arte, Manuel João Vieira e os Irmãos Catita, sem esquecer o palco do Rock Rendez Vous por onde todos passaram.

Em Novembro, o projecto multidisciplinar Kilombo, do colectivo Aurora Negra (Cléo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema), com o programa ainda em construção, promete constituir-se como "lugar de força e libertação", reunindo artistas que, "com a sua arte, têm contribuído para a criação de sonhos e utopias".

Esta é a primeira temporada sob a direcção artística de Miguel Loureiro, mas ainda "maioritariamente desenhada" pela sua antecessora, Aida Tavares, como o novo director afirma na apresentação.

A abertura da temporada, a 2 de Setembro, tem entrada livre, sujeita à lotação. A programação integral pode ser consultada no site do teatro.

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