Ministro da Defesa britânico vai abandonar o cargo na próxima remodelação governamental

Ben Wallace disse ao Sunday Times que também não pretende ser candidato a deputado nas próximas eleições legislativas, previstas para 2024.

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Ben Wallace serviu três primeiro-ministros conservadores Reuters/PETER NICHOLLS
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Ben Wallace, ministro da Defesa do Reino Unido, revelou que vai abandonar o cargo na próxima remodelação do Governo conservador britânico. Em declarações ao Sunday Times, reproduzidas este sábado, Wallace explicou que pretende dedicar-se à família, garantindo que a decisão não está relacionada com qualquer divergência que tenha com o primeiro-ministro, Rishi Sunak.

“Entrei na política, no parlamento escocês, em 1999. São 24 anos. Passei bem mais de sete anos com três telefones ao meu lado na cama”, afirmou.

“Ainda que esteja orgulhoso por ter trabalhado com tantas pessoas fantásticas e ajudado a contribuir para proteger este grande país, o custo de pôr isso à frente da minha família é algo que me deixa bastante triste”, assumiu.

Fontes de Downing Street disseram à BBC que a próxima remodelação governamental está prevista para Setembro.

Wallace, de 53 anos, esclareceu ainda que não será candidato do Partido Conservador nas próximas eleições legislativas, previstas para 2024. O círculo que representa (Wyre e Preston North) vai ser suprimido na próxima votação para a Câmara dos Comuns, no âmbito da mais recente reorganização do mapa eleitoral.

Próximo de Boris Johnson – foi um dos estrategos da campanha interna que culminou na chegada do antigo primeiro-ministro à chefia do Governo, em 2019 –, Wallace tem-se mantido, ainda assim, leal a Sunak, recusando defender publicamente a narrativa promovida pelos aliados do antigo líder tory de que este foi afastado injustamente do cargo ou que alvo de uma “caça às bruxas” no Parlamento.

Alguns desses apoiantes de Johnson demitiram-se recentemente, provocando eleições suplementares que, tendo em conta as sondagens, deverão causar um enorme embaraço eleitoral a Sunak e ao partido. Mas Wallace garantiu ao Times que não irá sair antes de tempo.

Quando Johnson apresentou a demissão, em Julho do ano passado, após perder o apoio de grande parte do seu executivo por causa da forma como geriu o escândalo das festas durante a pandemia, entre outros, o ministro foi apontado como forte candidato à liderança dos tories e do Governo. Mas foi dos primeiros a anunciar que não ia avançar com uma candidatura.

Ministro da Defesa há quatro anos, serviu Johnson, Liz Truss e Rishi Sunak. Antes disso, foi secretário de Estado para a Segurança e Crimes Económicos no Governo de Theresa May e secretário de Estado para a Irlanda do Norte com David Cameron ao leme. É deputado na Câmara dos Comuns desde 2005 e também foi deputado no parlamento da Escócia, entre 1999 e 2003.

Assumindo um papel de destaque na campanha de apoio financeiro e militar britânico (e ocidental) à Ucrânia, para responder à invasão da Rússia, Wallace não escondeu, nos últimos meses, que tinha interesse em candidatar-se ao cargo de secretário-geral da NATO.

A falta de apoio de França – que defende que o sucessor de Jens Stoltenberg deve ser de um Estado-membro da União Europeia – e de entusiasmo dos Estados Unidos deitou esse sonho por terra, com a Aliança Atlântica a optar, pelo menos até Outubro de 2024, em estender o mandato do norueguês.

A retirada de Ben Wallace da vida política, em 2024, será mais um abandono de uma figura conservadora importante nos últimos anos. Sajid Javid, ex-ministro da Saúde e das Finanças, também anunciou, no final do ano passado, que não será candidato a deputado e que abandonará a vida pública.

Muitos analistas políticos britânicos acreditam que o facto de o Partido Trabalhista estar 20 pontos percentuais ou mais à frente nas sondagens a nível nacional e de os conservadores estarem no poder há 13 anos consecutivos pode estar a levar muitos actuais deputados tories a optarem por renunciar a uma nova candidatura por temerem perder os seus lugares nas urnas.

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