Jackie viu o caule da sua planta crescer oito metros “de repente” depois de 36 anos

Jackie Flournoy, de 80 anos, viu uma planta do seu jardim crescer quase oito metros. A espécie atrai curiosos todos os dias ao seu relvado. “Chamo-lhe Jackie e o pé de feijão”, diz a sobrinha.

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A fotografia da esquerda foi tirada em Abril, pouco depois do aparecimento do caule, e a da direita foi tirada no final de Maio Doris Flournoy/DR
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Numa manhã, Jackie Flournoy saía da sua casa em Luthersville, na Geórgia (EUA), quando se deparou com um caule de aspecto estranho a sair de uma das suas plantas no relvado da frente. Nunca vira nada assim. “Mas que raio é aquilo?”, lembra-se de ter dito Flournoy, de 80 anos de idade, em voz alta, naquele dia no final de Março. “Não sabia o que era.”

Após uma inspecção mais aprofundada, apercebeu-se de que o misterioso caule de 1,5 metros havia crescido a partir de uma planta suculenta que havia sido um presente da sua filha, há 36 anos. Num primeiro momento, Flournoy pensou que o talo aparecera de um dia para o outro, embora agora suspeite de que provavelmente estivesse a crescer, sem que ela se apercebesse, há já cerca de uma semana. “Simplesmente cresceu muito depressa”, lembra.

“Pensava que fosse um cacto normal”, declarou Flournoy, ao explicar a enorme surpresa com o tamanho do caule, que parecia ter surgido do nada.

Planta-do-século só no nome

Depois de uma pesquisa mais cuidadosa na Internet, descobriu que o que havia plantado, na verdade, era uma piteira (Agave americana) — planta nativa do México e de partes dos Estados Unidos, especificamente do Texas. Nessas regiões, é conhecida como planta-do-século, no entanto, a designação é enganadora, uma vez que a espécie não vive até aos 100 anos.

A planta perene — com grandes folhas verde-acinzentadas e pontas espinhosas na base — vive normalmente entre 10 e 30 anos. Perto do fim da sua vida, produz um caule imponente que cresce numa questão de semanas, em que flores amarelas brilhantes desabrocham.

Quando Flournoy a plantou em 1987, pensou que se tratava de uma planta suculenta vulgar. “Nunca pensei que se fosse transformar numa coisa destas...”, relatou. Com o passar dos anos, “ficou cada vez maior”, até que na Primavera “o caule apareceu através do grande cacto que crescia rapidamente”, explicou Flournoy. Desde a sua aparição há três meses, o caule alongou-se até atingir quase oito metros de altura — provavelmente o máximo que alcançará.

“É um milagre”, regozija-se Flournoy — que sempre foi uma jardineira aplicada e até hoje corta a sua própria relva. “Mais ninguém aqui os tem...” Flournoy não é a única pessoa entusiasmada com o gigantesco caule. Nas últimas semanas, a planta tornou-se um marco local em Luthersville, uma vila com menos de 800 pessoas.

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A planta no jardim de Jackie Flournoy tornou-se uma atração da pequena cidade de Luthersville Doris Flournoy/DR

“Quando se vive numa pequena vila e, de repente, há algo que causa entusiasmo, toda a comunidade se envolve”, descreve Flournoy. A proprietária acrescenta que tem dezenas de pessoas — incluindo visitantes de fora de Luthersville — que param no seu relvado para fotografar a planta quase todos os dias. “Todos nos rimos com isso”, confessa Flournoy, acrescentando que algumas pessoas da vila até lhe pediram um autógrafo. “É apenas uma coisa divertida.”

Felicia Angulo, sobrinha de Flournoy, cresceu em Luthersville e relata nunca ter visto “uma planta tão grande”. “Eu nem sabia que os caules cresciam tão alto.” Angulo e a sua família estão entusiasmados com o súbito estrelato de Flournoy. “Não esperava tornar-se o centro das atenções”, admite Angulo. “Chamo-lhe Jackie e o pé de feijão.” Flournoy, cuja história foi vista milhões de vezes no YouTube, expressou estar entusiasmada por tê-la [a planta] “e todas as pessoas gostarem dela.”

As questões climática podem influenciar o cultivo

Richard Primack, professor de Biologia da Universidade de Boston, entende o porquê das pessoas se encantarem com a planta peculiar. Embora a planta-do-século seja comummente cultivada noutras partes do mundo, “é rara para a região”, explicou Primack, acrescentando que a espécie prospera em locais com climas desérticos, incluindo o Norte do México e o Sudoeste americano. “Não são muito tolerantes à geada, pelo que não são cultivadas em locais com clima frio.”

Não só são raramente vistas em Luthersville, como as plantas-do-século têm “um aspecto muito invulgar”, o que chama a atenção de todos, adianta Primack. Além disso, perto do fim da sua vida, apresenta “um comportamento espectacular”, no sentido em que se ergue repentinamente.

Uma vez a planta produzindo o seu caule — que atinge entre 4, 57 metros e nove metros de altura —, dá-se uma “exibição dramática de flores”. Após florescer (o ocorre somente no Verão), a planta morre, mas deixa para trás botões na base que podem enraizar e formar novas plantas.

O clima, segundo Primack, desempenha um papel importante no crescimento da planta. “Nas condições ideais, podem provavelmente florescer ao fim de dez ou 15 anos”, disse. Em condições menos ideais, acrescentou, pode levar muito mais tempo. Embora Luthersville tenha um clima relativamente ameno durante todo o ano, a planta de Flournoy resistiu a algumas tempestades de neve e condições frias ao longo da sua longa vida.

Flournoy está impressionada com o facto de a planta ter sobrevivido tanto tempo. “Todas as pessoas estão muito entusiasmadas para ver como vai ficar quando estiver em plena floração”, disse ela, com expectativa de que aconteça “na próxima semana”.

Quando a planta finalmente florescer, Flournoy aguardará ansiosamente para ver outra planta-do-século crescer no seu lugar. Da próxima vez, no entanto, não será um choque tão grande como ver o caule gigantesco rebentar rapidamente. “Acho que isto é tudo muito entusiasmante...”, resume.

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