Sybil tem 92 anos, cultiva o tomate mais delicioso do mundo e oferece as sementes

Sybil Gorby acredita que há algo excepcional nas sementes e nos tomates grandes e suculentos que produz, ano após ano, desde 1965. Oferece as sementes aos interessados, se as vendesse não vingavam.

Sybil Gorby, 92, with an heirloom tomato she grew in her garden last year. Gorby has planted the same type of tomato seeds since 1965. MUST CREDIT: Family photo
Fotogaleria
Sybil Gorby, 92 anos, com um tomate que cultivou no seu jardim no ano passado. Gorby tem plantado o mesmo tipo de sementes de tomate desde 1965 Family photo/DR
Sybil Gorby making blackberry jelly with her granddaughter, Maggie, 20. MUST CREDIT: Family photo
Fotogaleria
Sybil Gorby a fazer geleia com a sua neta, Maggie, de 20 anos Family photo/DR
The Gorby family’s 75-acre farm in Tyler County, W.Va. MUST CREDIT: Family photo
Fotogaleria
A quinta da família Gorby no condado de Tyler Family photo/DR

Sybil Gorby plantou pela primeira vez um punhado de sementes de tomate em 1965. Desde então, Sybil, de 92 anos, plantou sementes dessa mesma linhagem no seu jardim no condado de Tyler, West Virginia, nos EUA. No final de Junho, eles começam a florescer e, em meados de Agosto, tomates rechonchudos, brilhantes e muitas vezes disformes estão prontos para arrancar e comer. Sybil guarda sempre algumas sementes para plantar na estação seguinte.

De acordo com esta experiente agricultora, há algo excepcional nessas sementes e nos tomates grandes e suculentos que produz, ano após ano. “Têm um sabor doce. São os tomates mais deliciosos que já comi”, diz Sybil Gorby, que ainda vive na mesma fazenda onde construiu uma casa há 60 anos com o seu já falecido marido.

A sua filha, Sandy Marody, também cresceu enquanto via as sucessivas plantações e colheitas, saboreando o fruto. “Não sei o que é, mas é como magia”, diz, acrescentando: “Estas sementes simplesmente crescem e transformam-se nessas maravilhosas plantas de tomate”.

Às vezes, as sementes também se transformam em tomates gigantes, incluindo um da colheita do ano passado. Marody compartilhou uma foto da sua mãe segurando a grande fruta num grupo do Facebook chamado “Appalachian Americans”.

As pessoas ficaram bastante impressionadas com a foto de Sybil Gorby a segurar orgulhosamente o tomate superdimensionado nas suas mãos. Na fotografia, Sybil aparece a usar uma camisola a combinar com a cor de tomate.

Uma sensação de orgulho

Sybil Gorby tem uma habilidade pouco comum para fazer crescer as plantas desde a adolescência [algo que os norte-americanos chamam de “green thumb” e que traduzido à letra seria polegar verde]. Cresceu em Paden City e ficou viciada enquanto ajudava a cuidar do jardim do vizinho e apaixonou-se por isto, confessa. Trouxe-lhe uma satisfação sem fim.

“Quando plantamos uma semente, vamos vê-la a crescer e vamos começar a imaginar o sabor que terá”, conta, adiantando que ver uma semente florescer e depois transformar-se em algo comestível e delicioso “dá uma sensação de orgulho”.

Quando Sybil e o marido, Bob, se mudaram para a fazenda, em 1963, ela estava ansiosa para ter um jardim próprio. E assim fez. No seu auge, o jardim chegou a ter um terreno de 40 por 40 metros, repleto de frutas e legumes frescos, bem como flores e plantas.

“Tínhamos tudo”, lembra Sybil, que trabalhou como enfermeira durante 45 anos - e também cuidou do seu amplo jardim e criou os seus quatro filhos. Cultivava batatas, feijão-verde, milho e abóbora, entre outras culturas e flores.

Foto
A quinta da família Gorby no condado de Tyler Family photo/DR

“A minha mãe sempre teve comida e vegetais suficientes para alimentar toda a comunidade”, confirma Marody, acrescentando que Sybil nunca aceitou dinheiro em troca dos seus produtos. “Ela nunca os vendeu. Ela dá.”

“Não tínhamos muito, mas a verdade é que eu me sentia rica”, diz Sandy Marody, que cresceu na fazenda com seus irmãos e agora vive em St. Clairsville, Ohio. “Foi uma vida incrível.”

Distribuir frutas, legumes, molhos, sopas e geleia

Sybil Gorby rapidamente se tornou conhecida no Condado de Tyler, que tem uma população de cerca de 8000 pessoas, por partilhar a sua abundância de produtos frescos todos os anos. Além de oferecer frutas e legumes frescos, também fazia molhos caseiros, sopas e geleias - que também distribuía pela cidade.

Segundo explica, a única coisa que gosta mais do que comer o resultado da sua colheita é compartilhá-la com outras pessoas, especialmente com a sua família, incluindo os seus oito netos. Gosta de ter certeza de que todos têm algo para comer.

Ao longo dos anos, a comunidade tem sido grata por qualquer presente que chega do jardim de Sybil Gorby, afirma, admitindo que os tomates da herança são de longe a colheita mais cobiçada.

Mas Sybil deixa bem claro que não pode levar todo o crédito pela sua famosa colheita de tomates. Alguns anos depois de ter começado o seu jardim, um amigo chamado Gay Soles, que também era um ávido jardineiro, ofereceu-lhe algumas plantas de tomate que cresciam suculentas e deliciosas frutas.

Que tipo de tomate é?

“Decidi salvar as sementes no final da temporada e plantei-as novamente na minha casa”, conta Sybil Gorby, acrescentando que, até hoje, ela não tem certeza que tipo de tomate é [é impossível ignorar as semelhanças com o tomate coração-de-boi, conhecido em Portugal]. “Eles se transformaram em tomates tão grandes, e toda a gente gostou deles.” “Eles não só têm muito sumo”, destaca, “mas também têm muita polpa”.

Todos os anos, usa uma colher para colher as sementes dos maiores e melhores tomates, depois deixa-as numa toalha de papel para secar. Ela guarda as sementes para replantar na estação seguinte.

Foto
Sybil Gorby segura o tomate e uma fotografia do marido a usar um escadote para colher o fruto na quinta Family photo/DR

Gorby segue o mesmo ciclo há 58 anos. Nas épocas passadas, quando o seu jardim era mais robusto, as plantas de tomate cresciam tanto que o marido - que morreu há 18 anos - precisava de usar uma escada para os colher.

A sua maneira favorita de comer os tomates? Fazer uma sanduíche de bacon, ovo e tomate, em pão caseiro. “Só de pensar nisso fico com fome”, constata.

Nos últimos anos, o jardim de Sybil Gorby encolheu para um tamanho mais fácil de gerir. “Dá muito trabalho ter um grande jardim”, diz a filha, que também tem um jardim próprio. “Fico feliz que ela me tenha passado isso, também sou capaz de criar um jardim.”

O segredo de uma vida longa e feliz

Sybil Gorby agora planta a maior parte dos seus produtos e flores numa varanda nas traseiras, que permite um acesso mais fácil. Verifica as suas plantas de tomate todos os dias para as regar e afastar os insectos. Acredita que a jardinagem é o segredo para a sua vida longa e feliz.

“Isso me mantém em movimento”, diz. “Nós usamos todos os músculos para puxar e cavar. Talvez seja por isso que tenho sido tão forte.”

Usando sementes que sua mãe lhe deu, Sandy Marody cultiva os mesmos tomates no seu jardim todos os anos, embora, confesse: “os dela crescem sempre muito mais e melhor do que os meus”.

Depois de partilhar a foto da sua mãe no Facebook com o tomate gigante, algumas pessoas entraram em contacto a pedir para comprar as sementes.

“As pessoas queriam pagar pelas sementes, mas se dermos dinheiro a alguém por algo que vai crescer, pode não crescer”, avisa Sybil Gorby, explicando que é supersticiosa no que toca a vender qualquer coisa do seu jardim.

Em vez disso, Sandy Marody selou punhados de sementes em envelopes e enviou-os por correio para aqueles que as solicitaram. Para Sybil, quanto mais pessoas puderem desfrutar dos tomates, melhor. “Espero que possam tirar a mesma alegria que tenho em criá-los”, diz. “É maravilhoso.”

Sugerir correcção
Ler 3 comentários