Protesto: campo de golfe de Oeiras com dois buracos tapados com cimento

Durante a madrugada, activistas do grupo Climáximo taparam dois buracos no campo de golfe de Oeiras num protesto contra a desigualdade de acesso à água. O Oeiras Golf já fez denúncia à PSP.

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Colectivo de activistas protestou contra "a desigualdade no acesso à água, e a responsabilidade acrescida da alta classe pela crise climática" Climáximo
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O campo de golfe em Oeiras sofreu uma “intervenção” durante a madrugada desta sexta-feira. Dois buracos foram tapados com cimento e no relvado algumas bandeiras que marcam estes pontos foram substituídas por outras, onde se lia “Seca brutal, injustiça social!”. O grupo de activistas Climáximo (um colectivo que, assim como a Greve Climática Estudantil, faz parte da plataforma Parar o Gás) assume, em comunicado, a autoria do protesto contra “a desigualdade no acesso à água, e a responsabilidade acrescida da alta classe pela crise climática”.

“A crise climática e a escassez de recursos vindoura irão acentuar desigualdades já existentes na nossa sociedade, onde 1% detêm a maior parte da riqueza, enquanto pessoas comuns lutam por uma vida digna. É urgente cortar emissões e gerir recursos com vista ao interesse público”, lê-se no comunicado do grupo enviado esta manhã para os jornalistas. Noah Zino, porta-voz do colectivo mas que não participou na acção, disse ao Azul que terão sido tapados dois buracos com cimento.

Fonte do Oeiras Golf confirmou que o campo tinha esta manhã dois buracos tapados e quatro bandeiras no relvado. A mesma fonte adiantou ainda que já foi contactada a PSP para fazer a denúncia e que a queixa será entregue amanhã.

“Este tipo de activismo só prejudica pequenas empresas e quem trabalha aqui. Não estão verdadeiramente a mexer com nada. É como se furassem os pneus do meu carro [um boicote que esta semana ocorreu em Lisboa por outro grupo de activistas, os The Tyre Extinguishers], é algo que só me vai prejudicar a mim”, comentou a mesma fonte do Oeiras Golf, que preferiu não se identificar.

Os activistas justificam que esta acção de protesto foi planeada num momento em que surgem as notícias sobre este mês de Julho ter registado a semana mais quente desde que há registo, “coincidente com uma vaga global de fenómenos climáticos extremos, e mais de 80% do território português estar em seca desde Abril”.

O comunicado enviado inclui várias fotografias da acção. Uma das imagens merece explicação: “Já no recinto, puderam fotografar aspersores que consumiam quantidades ‘incompreensíveis’ de água, para regar a relva característica do desporto de alta classe.”

O grupo socorre-se ainda dos relatórios das Nações Unidas para explicar esta visita ao campo de golfe de Oeiras, recordando que, “a este ritmo, afiguram-se no horizonte secas, incêndios, escassez alimentar, e ondas de calor que impossibilitam a vida em Portugal”.

Depois, acrescentam ainda a questão da desigualdade social que se reflecte também no acesso à água e na responsabilidade pelas emissões: “O 1% [dos mais ricos] é 72 vezes mais responsável por emitir CO2 do que a metade do mundo mais pobre. Não podemos tolerar os luxos dos ultra-ricos enquanto o planeta arde à sua conta, e a água comum escasseia.”

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