Descoberta uma nova espécie de planta em Portugal

Planta já avistada em Espanha e França foi agora observada pela primeira vez em Portugal. A descoberta aconteceu na Mata Nacional de Escaroupim.

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Planta foi encontrada na Mata Nacional de Escaroupim João Farminhão
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Planta foi avistada pela primeira vez em Portugal em 2022 João Farminhão
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Anúncio da descoberta foi feito recentemente numa revista científica João Farminhão
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As suas flores têm um formato de “candelabro invertido” João Farminhão
caule da planta
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Planta floresce entre fim de Maio e Junho João Farminhão
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Tudo aconteceu na Mata Nacional de Escaroupim. Em 2022, o naturalista Fernando Pires descobriu uma planta que parecia nunca ter sido encontrada até então em Portugal. Para confirmar que era mesmo uma novidade no país, Fernando Pires fez uma expedição com o investigador João Farminhão na mata. E confirmou-se: tinha sido identificada, pela primeira vez, no país a planta Muscari matritensis – uma espécie de jacinto.

A descoberta aconteceu a propósito de um inventário da biodiversidade da Mata Nacional de Escaroupim, no distrito de Santarém. Em Maio de 2022, Fernando Pires, que é naturalista no Clube XZen, fotografou-a pela primeira vez nessa mata e partilhou a fotografia na plataforma de ciência cidadã ibérica Biodiversid Virtual.

Era preciso confirmar que se tratava de uma nova planta descoberta em Portugal. Como tal, Fernando Pires contactou, no início de 2023, João Farminhão, investigador do Jardim Botânico e do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra. Foi então feita uma expedição à Mata Nacional de Escaroupim em busca dessa confirmação.

E confirmou-se mesmo. “Identificou-se, pela primeira vez, a Muscari matritensis em Portugal”, assinala ao PÚBLICO João Farminhão, quem contou a história da descoberta em território português, agora anunciada na revista científica Acta Botanica Malacitana. Até agora, esta espécie de planta já tinha sido encontrada em Espanha e em França.

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As flores no topo são estéreis e as de baixo são férteis Fernando Pires

Basta olhar uns segundos para a planta para perceber as suas principais características. As suas flores têm um formato de “candelabro invertido”, ou seja, de inflorescência, descreve João Farminhão. As flores no topo são estéreis e as de baixo são férteis. A sua cor também não passa despercebida. “Identifica-se pela forma e cor destas flores férteis, cilíndricas na forma, de cor malva quando imaturas e ocres quando abertas”, caracteriza o investigador.

No site Flora-On, da Sociedade Portuguesa de Botânica, indica-se que, em Portugal, a Muscari matritensis só foi avistada na Mata Nacional do Escaroupim. Pode ser encontrada em areias.

A espécie agora descoberta em Portugal tem semelhanças com outra bem comum no país, a Muscari comosum, ou jacinto-das-searas. As duas têm flores com um formato de “candelabros invertidos”. “As diferenças são subtis e prendem-se com a forma e a cor das flores férteis”, indica João Farminhão. Quanto ao período de floração, a Muscari comosum floresce entre Março e início de Maio, enquanto a Muscari matritensis floresce entre fim de Maio e Junho.

Ainda há muito a saber sobre a Muscari matritensis em Portugal, e noutros territórios, nomeadamente o seu estatuto de conservação, que ainda não foi avaliado. “Dada a distribuição ainda mal conhecida desta espécie, não temos informação suficiente para a avaliar segundo os critérios da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza”, avisa o investigador da Universidade de Coimbra.

Uma das próximas missões sobre esta espécie é inventar um nome comum para ela em português, diz João Farminhão. Por agora, as suas sugestões são: jacinto-de-topete-serôdio ou jacinto-de-madrid. Aguardemos para saber como passará a ser chamado este jacinto de candelabro invertido da Mata Nacional de Escaroupim.

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