TAP: Paulo Raimundo diz que relatório é “peça no processo de privatização”

O secretário-geral do PCP considera que o relatório não tem “nada de novo” e que foi escondida a “questão fundamental” da privatização da companhia aérea.

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A relatora "cumpriu o seu objectivo político, que estava encomendado", defende o secretário-geral do PCP LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O secretário-geral do PCP sustentou esta quinta-feira que o relatório preliminar da comissão de inquérito (CPI) à TAP é “uma peça no processo de privatização” da companhia aérea, considerando que a relatora cumpriu “o objectivo político que estava encomendado”.

Em declarações aos jornalistas à margem da tribuna pública da Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos, em Lisboa, Paulo Raimundo considerou que o relatório não tem “nada de novo”, salientando que a comissão de inquérito à TAP criou “um conjunto de faits divers e acontecimentos” e escondeu a “questão fundamental” da privatização da companhia aérea.

“Esse relatório, ainda que seja um relatório preliminar, (...) é uma peça que contribui para esse caminho de privatização, para esse crime económico e político, com consequências na vida dos portugueses, de quem cá vive e cá trabalha, e também dos reformados”, afirmou.

Paulo Raimundo salientou que, quando o PCP propôs o alargamento da comissão de inquérito à TAP à privatização de 2015, “era exactamente para que não passasse ao lado” do Parlamento tudo o que se desenvolveu durante esse processo, designadamente “as negociatas, com alguém a comprar a TAP com o dinheiro da TAP”.

“Essa é que era a questão fundamental (...) para demonstrar exactamente que o que está em curso é exactamente repetir um crime anterior. Escondendo esse processo, mais facilmente se abria o caminho para voltar a repetir esse crime económico: é isso que está em causa”, defendeu.

O secretário-geral do PCP considerou assim que, finda a comissão de inquérito, se verifica que a “montanha pariu um rato”. “O espectáculo foi muito grande, foi muito gratificante para quem assistiu, ainda por cima com a vantagem de ter sido gratuito, mas depois, no fundo, se espremermos bem, o caminho de privatização da TAP continua aí (...) e conseguiu unir ainda mais os partidos que têm esse objectivo”, disse.

Paulo Raimundo foi ainda questionado sobre se concorda com a decisão da relatora de deixar de fora algumas das polémicas reveladas durante a comissão de inquérito, como os incidentes no Ministério das Infra-Estruturas envolvendo Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro João Galamba.

“Eu acho que a relatora cumpriu o seu objectivo político, que estava encomendado, e a relatora, tal e qual como o PS — como o PSD, IL, e como outros partidos, até como o ministro Galamba — tem um objectivo concreto, que é privatizar a TAP”, respondeu.

O relatório preliminar, divulgado na terça-feira, conclui que “não se registam situações com relevância material que evidenciem uma prática de interferência na gestão corrente da empresa por parte das tutelas”.

A CPI apurou também “não existirem evidências de que a tutela accionista da TAP, o Ministério das Finanças, tivesse tido conhecimento do processo de saída de Alexandra Reis”.

Os partidos podem apresentar até 10 de Julho propostas de alteração a esta versão preliminar. A discussão e votação do relatório em comissão parlamentar de inquérito está marcada para 13 de Julho e a sua apreciação em plenário para 19 de Julho.

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