Autor do cartaz de Costa excluído de exposição após polémica

A polémica sobre a caricatura do primeiro-ministro com nariz de porco levou a que o autor fosse excluído de uma exposição na qual a sua participação com um outro cartaz havia sido aceite.

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A caricatura de António Costa marcou as comemorações do Dia de Portugal LUSA/JOSÉ COELHO
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Pedro Brito, conhecido pelos cartazes de António Costa que o primeiro-ministro considerou racistas durante as comemorações do 10 de Junho deste ano, no Peso da Régua, concorreu a uma exposição com uma caricatura diferente. Primeiro, aceitaram a sua participação, mas, depois da polémica, recusaram-na. A exposição integrava-se na conferência COMbART (dinamizada pela Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Porto), mas a decisão ficou a cargo do "espaço comitè". Foi a polémica em torno da caricatura do primeiro-ministro que levou à sua exclusão.

A organização da conferência COMbART (consórcio composto por centros de investigação da Universidade Nova e da Universidade do Porto) uniu-se ao espaço comitè, em Lisboa, para realizar a exposição Inclinação para o Proibido. Pedro Brito respondeu à open call com uma caricatura do ministro da Educação, João Costa, em que este tem um lápis espetado no olho e onde se lê "Demissão".

Seis dias após a “polémica” com o cartaz do primeiro-ministro, o comitè, responsável por seleccionar as obras para a exposição, aceitou a participação do artista. Mas acabou por voltar atrás na decisão por se tratar de um projecto financiado pela FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia), por valorizarem o anonimato dos artistas e devido à polémica existente em torno de outro cartaz (o que ofuscaria os restantes trabalhos), segundo um email divulgado no blogue de Pedro Brito.

Para o artista, a exclusão da obra “indicia a sujeição a eventuais pressões externas”. Recusar "um cartaz previamente seleccionado, porque a sua exibição poderia perturbar e ofuscar" os outros autores financiados pela FCT, suscita "considerações e interpretações pouco abonatórias”, acusa.

Em resposta, fonte da organização do COMbART esclarece ao PÚBLICO que o financiamento (mencionado pelo comitè e por Pedro Brito) terminou há cerca de dois anos, sendo este, actualmente, um evento autónomo. E demarca-se da situação, acrescentando que as decisões ficaram todas a cargo do comitè.

A afirmação é corroborada pelos responsáveis do espaço, que, em comunicado, escrevem que os "critérios curatoriais" são desconhecidos do COMbART. "O COMbART, a FCSH [Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Nova], as diferentes unidades de investigação e a FCT não tiveram qualquer conhecimento (...) nem intervieram no processo curatorial dos cartazes."

COMbART exclui exposição do programa

O comitè esclarece ainda que a recusa da participação de Pedro Brito (após terem aceitado a sua obra) se deveu a “uma falta de percepção” dos responsáveis “sobre a exposição pública que o autor tinha na altura”. “Este erro deveu-se ao facto de não estarmos em Portugal aquando da atenção mediática e de não seguirmos todas as discussões públicas”, escrevem os responsáveis do espaço. Argumentando ainda que não se querem associar a qualquer polémica, o espaço mantém a sua decisão.

Após as declarações do comitè, o COMbART emitiu um comunicado em que esclarece que “apenas intervém nas questões de foro científico e académico” que envolvem a conferência. As universidades que compõem o consórcio respeitam “a liberdade de decisão”, mas vão “excluir a exposição Inclinação para o Proibido da programação” do COMbART.

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