Prémios Acesso Cultura distinguem Teatro LU.CA, 5.ª Punkada e “Cinema Insuflável”

Associação sem fins lucrativos Acesso Cultura, que celebra 10 anos em 2023, voltou a distinguir projectos ou instituições culturais com boas práticas em matéria de democracia cultural.

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Elementos da banda 5.ª Punkada, composta por pessoas com paralisia cerebral Adriano Miranda / publico

Os Prémios Acesso Cultura 2023 distinguiram o Teatro LU.CA - Luís de Camões, em Lisboa, a banda 5.ª Punkada e a associação cultural Figura Nacional, pelo projecto “Cinema Insuflável”.

O anúncio dos prémios e menções honrosas decorreu nesta quarta-feira, ao final da tarde, na Biblioteca de Marvila, em Lisboa. A cerimónia foi organizada pela associação sem fins lucrativos Acesso Cultura, que este ano celebra o seu décimo aniversário e tem passado esta semana a dinamizar iniciativas para promover a reflexão e uma maior consciência em torno daquilo que é o acesso físico, social e intelectual à participação cultural.

As menções honrosas foram entregues à estrutura Terra Amarela pelo espectáculo de teatro Zoo Story, à associação cultural Música Portuguesa a Gostar Dela Própria pelo projecto A música cigana a gostar dela própria e à associação Bagos dOuro pelo projecto ​“FazParte! - Programas de Expressão Artística para a Inclusão Social.

O júri destes prémios de boas práticas na área da acessibilidade cultural foi constituído pela museóloga Ana Braga, pela curadora e programadora cultural Lara Seixo Rodrigues e pela bailarina Mickaella Dantas.

Contactada pela agência Lusa, a Acseso Cultura explicou que, neste ano, decidiu acabar com as categorias do palmarés, “porque as entidades já trabalham todas habitualmente nas várias áreas”.

Na cerimónia em Marvila, o júri recordou que o Teatro LU.CA reabriu em 2018 “com a missão de programar esta peculiar sala de espectáculos de bairro, exclusivamente para crianças e jovens”.

Ressalvando a necessidade de resolver a situação numa sala no primeiro andar do prédio, que tem acesso apenas por escadas, o júri referiu que é “notável constatar a visão integrada que criaram, e que se inicia com nomear na equipa um elemento responsável pela articulação da programação e de públicos, garantindo a salvaguarda dos instrumentos de acessibilidade física, intelectual e social”.

Esta candidatura não teve a apreciação de Ana Braga, por fazer parte do corpo profissional da Empresa de Gestão de Equipamentos e Gestão Cultural (EGEAC), sendo o LU.CA um equipamento cultural gerido por aquela empresa municipal de Lisboa, referiu a organização.

Os 5.ª Punkada são um projecto da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, fundado por Fausto Sousa há quase três décadas. Esta banda composta por músicos com paralisia cerebral colaborou recentemente com a editora discográfica Omnichord. Sob orientação do produtor Rui Gaspar (dos First Breath After Coma) e mediação do musicoterapeuta Paulo Jacob, e ainda com colaborações de Surma e de Victor Torpedo, o grupo gravou o álbum Somos Punks ou Não?, que se transformou num espectáculo e saiu em digressão.

Ao distinguir este projecto, que chegou a subir ao palco com os britânicos Coldplay na última de quatro noites da banda no Estádio Cidade de Coimbra, o júri visou “o reconhecimento público de todas as entidades envolvidas no mesmo, enquanto exemplo de integração social, intelectual e física”.

Outra entidade distinguida foi a associação cultural Figura Nacional, pelo projecto “Cinema Insuflável”, que leva “cinema de qualidade a crianças aonde ele não chega”.

“Este projecto distingue-se pela forma criativa e integrada como responde a barreiras de acesso à participação cultural, em particular o isolamento geográfico e a falta de equipamentos culturais em determinadas regiões”, assinalou o júri.

Desde 2013 que a Acesso Cultura desenvolve as suas actividades de promoção da inclusão e criação de acessibilidade cultural em várias áreas. Esta entidade sem fins lucrativos, reconhecida oficialmente em Fevereiro de 2021 pela sua utilidade pública, trabalha em regime de voluntariado e com parcerias.

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