TAP: mais uma semana de alto risco

O ponto inicial de impacto entre João Galamba e Frederico Pinheiro foi quase esquecido no meio das polémicas. Só que esta semana o assunto deverá voltar ao seu esplendor.

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Justificadamente, correm rios e rios de tinta desde que, a 28 de Abril, foi conhecido o caso que opõe o responsável pelas Infra-Estruturas, João Galamba, ao seu ex-adjunto Frederico Pinheiro, que o ministro havia exonerado dois dias antes.

Foram os detalhes sobre a bizarra situação que ocorreu na noite de 26 de Abril, quando Frederico Pinheiro se deslocou ao ministério para recuperar o seu computador, que primeiro ocuparam as atenções. Em seguida, perante a confusão e as acusações, discutiram-se as condições para o ministro continuar em funções e, após a não-aceitação da sua demissão, a marcante confrontação entre o primeiro-ministro e o Presidente da República, que até hoje marca a actualidade política. E, desde as primeiras horas, a questão da recuperação do computador e de uma possível, e grave, instrumentalização do SIS por parte do Governo foi outra das fontes de controvérsia.

No meio disto tudo, estranhamente, o ponto inicial de impacto entre João Galamba e Frederico Pinheiro, aquilo que a comprovar-se seria o mais grave da actuação do ministro, foi quase esquecido no meio das polémicas. Só que esta semana, com audições na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP, o assunto deverá voltar ao seu esplendor.

O que está na raiz de todo este caso é, na versão do ex-adjunto, a vontade do ministro de esconder as notas sobre uma reunião preparatória antes da ida da CEO da TAP à Comissão de Economia, a 18 de Janeiro. Para o ministro, o que se passou foi que o adjunto primeiro não disse que tinha notas, e depois tardou a enviá-las. A seu favor, o ministro tem o facto de as notas terem sido mesmo enviadas à CPI e, segundo afirmou, várias testemunhas podem confirmar a sua versão. Falta saber o que Frederico Pinheiro pode ainda revelar para sustentar a sua versão.

António Costa, quando anunciou a sua decisão de manter João Galamba, assumiu a dimensão do problema, mas descartou a questão, ao afirmar que “havia acusação grave de que o ministro não queria colaborar com a comissão de inquérito à TAP”, mas que não via indícios disso. Mesmo que o primeiro-ministro considere, como afirmou ontem, que a CPI da TAP está a extravasar o âmbito para que foi constituída, é pouco provável que os deputados não aproveitem a oportunidade para tentar esmiuçar a raiz do problema. Será, no final, mais uma ocasião para medir a arriscada decisão de António Costa se “acorrentar” a João Galamba.

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