Andres pegou nos seus cavalos e no cão e anda a calcorrear a costa portuguesa

Arrancou de Moledo e quer chegar até Vila Real de Santo António. Move-o o gosto pela aventura, mas também uma causa solidária. Está a angariar fundos para uma criança com síndrome de Rett.

NEG nelson garrido - 02 Maio 2023 - PORTUGAL, Viana do Castelo -  Peregrino dos Caminhos de Santiago (Caminho Portugues da Costa) a cavalo nas praias da costa litoral de Castelo de Neiva
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Andres e os seus animais, fotografado em Castelo do Neiva, no distrito de Viana do Castelo, nos primeiros dias da sua viagem Nelson Garrido
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Andres e os seus animais, fotografado em Castelo do Neiva, no distrito de Viana do Castelo, nos primeiros dias da sua viagem Nelson Garrido
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Andres e os seus animais, fotografado em Castelo do Neiva, no distrito de Viana do Castelo, nos primeiros dias da sua viagem Nelson Garrido
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Já se rendeu à cidade do Porto e aos portugueses com os quais se foi cruzando, mas ainda tem muito caminho para andar. O espanhol Andres Anso, de 37 anos, anda a percorrer a costa portuguesa, de Moledo a Vila Real de Santo António, acompanhado dos seus fiéis amigos: o pastor alemão Popis, o cavalo Cayetano e a égua Cagancha. Já não é a primeira vez que se faz à estrada em busca de uma aventura solitária e juntando-lhe um propósito solidário. Neste périplo pelo nosso litoral está a angariar fundos para uma menina com síndrome de Rett, uma doença degenerativa, e todos podemos ajudar. No ano passado, andou pela costa galega e conseguiu reunir 10 mil euros para duas crianças com doenças raras.

Andres, Popi, Cayetano e Cagancha percorrem, em média, uns 25 quilómetros por dia, pernoitando junto à praia. Saíram a 28 de Abril de Moledo — foi a irmã de Andrés que os transportou, numa furgoneta, até ao Norte de Portugal — e já percorreram mais de 150 quilómetros.

Esta semana, a Fugas encontrou-os na região de Aveiro, mais concretamente nas instalações da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vagos (EPADRV), rodeados de alunos e professores que não hesitaram em abrir-lhes as portas. “Ele apareceu aqui para comprar ração para os cavalos”, explicava Paulo Alves, director do estabelecimento de ensino que tem um curso de gestão equina. Depois de perceberem o que movia Andres Anso, os responsáveis pela escola decidiram contribuir para a aventura solidária com 60 quilos de ração para Cagancha e Cayetano. Será o suficiente para o aventureiro andar vários dias sem se preocupar com a alimentação dos equinos.

Natural de Villafranca, na região de Navarra, Tala, como é conhecido junto dos amigos, reservou 50 dias para esta aventura, sem afastar a possibilidade de prosseguir para além do território português. “Gostava de fazer a volta à Península Ibérica”, revela, lembrando que, como tudo aponta para que a entrada em Espanha, via Andaluzia, aconteça já em pleno Verão, por ora, pode ficar só com a costa portuguesa. “A Andaluzia tem muito calor e não dá para os animais, nem para mim”, argumenta.

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O espanhol Andres Anso, de 37 anos, está a percorrer a costa portuguesa Nelson Garrido

Nesta que é já a sua terceira aventura — começou com o Caminho de Santiago e depois percorreu a costa galega —, a segunda com fins solidários, o aventureiro já tem muito para contar. “Na primeira noite tive a pior notícia possível. O Popis desapareceu”, relata, lembrando as horas de aflição que viveu, sem saber do seu cão. “Foi o pior dia da minha vida. Estive desde as três da manhã até às duas da tarde sem saber dele”, reforça. Também já foi interpelado por três defensores de animais, que o acusaram de estar a molestar os seus companheiros de viagem, mas optou por “não responder e seguir viagem”.

Encantado com Portugal

Tala diz que “não gosta de ir pela via mais fácil”, por isso, faz questão de ir preparando a sua própria comida. Traz um Campingaz e vai adquirindo alimentos nos supermercados das localidades por onde passa. Pelo caminho, vai também conhecendo muitas pessoas e somando reacções positivas que não esperava.

“Em Espanha, a polícia vem ter comigo quando estou com a tenda nos jardins, as pessoas apitam-me quando vou na estrada. Em Portugal, ninguém me apita e tratam-me bem. Estou encantado”, confessa — o único ponto negativo tem sido a falta de balneários públicos para poder tomar banho, aponta.

Andrés convida os portugueses a acompanharem a sua viagem pelo nosso território através das redes sociais (Instagram e Facebook). É, precisamente, a partir delas que angaria o dinheiro que reverterá para a menina Abril. “Todos os que me seguem e gostam de ver os meus vídeos e as minhas aventuras, em jeito de agradecimento colaboram e fazem chegar os seus donativos à conta que aparece lá publicada”, explica. Quanto gostaria de angariar nesta viagem? “Uns 5 mil euros, no mínimo, pois na anterior consegui 10 mil euros para as duas meninas”, refere.

Por norma, para conseguir levar as suas aventuras por diante, o aventureiro junta todas as suas férias num único período. Desta vez, em virtude de ter ficado sem trabalho, aproveitará para estender a viagem para além da duração habitual de 30 dias.

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